O Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines que caiu em Teerã, matando todos seus 176 ocupantes, foi provavelmente abatido pelos próprios iranianos, por acidente, informaram, nesta quinta-feira (9), membros de serviços de inteligência dos Estados Unidos e do Iraque.
Um vídeo divulgado nesta quinta-feira pelo jornal “The New York Times” também mostra o que seria um míssil atingindo um avião perto do aeroporto da capital iraniana, na mesma área em que a aeronave de passageiros caiu.
O Boeing 737-800 da companhia aérea ucraniana caiu na madrugada de quarta-feira, apenas três minutos após decolar do Aeroporto Internacional Imam Khomeini, em Teerã, com destino a Kiev. A tragédia ocorreu poucas horas depois do ataque iraniano a duas bases que abrigam militares americanos no Iraque, o que provocou imediatas especulações que os dois eventos poderiam estar conectados.
De acordo com duas fontes de inteligência americanas e uma iraquiana, ouvidas pela revista americana “Newsweek”, o avião foi provavelmente abatido por um míssil terra-ar disparado por um sistema de defesa aéreo Tor-M1, de fabricação russa. Segundo os oficiais norte-americanos, o sistema provavelmente foi colocado em modo de alerta pelos iranianos logo depois de seu ataque às bases, para a eventualidade de uma retaliação dos Estados Unidos.
Citada pela agência Reuters, uma autoridade americana disse que satélites dos EUA detectaram o lançamento de dois mísseis terra-ar logo após o Boeing 737-800 deixar o aeroporto de Teerã. Em seguida, houve uma explosão na área em que o avião voava, sendo que os satélites também detectaram a aeronave pegando fogo antes de atingir o solo. Para fontes de serviços de segurança europeus, os relatos de que o avião foi derrubado são “críveis”, relatou a emissora CNN.
Nesta quinta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, também indicou que o avião parece ter sido derrubado pelos iranianos: “[O avião] estava voando numa área complicada. Eles podem ter se enganado. Alguns dizem que pode ter sido uma falha técnica, mas pessoalmente eu não acredito que seja essa a questão”, disse a jornalistas na Casa Branca. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também afirmou que as evidências sugerem que o avião foi derrubado pelos iranianos por engano.
Na quarta-feira, logo depois da queda, autoridades de aviação do Irã se apressaram em afirmar que a causa da queda parecia ter sido uma falha mecânica. O ministro dos Transportes Mohammed Eslami rejeitou alegações de que a queda da aeronave seria “suspeita”: “O avião pegou fogo devido a um defeito técnico, e isso resultou num acidente. Cientificamente, é impossível um míssil ter atingido o avião ucraniano, e esses boatos não têm lógica.”
Inicialmente, a embaixada da Ucrânia em Teerã também falou de falha mecânica e descartou que o desastre tivesse sido provocado por terrorismo. Contudo, em novo comunicado, Kiev omitiu essa versão e afirmou apenas estar investigando a causa do incidente.
Uma comissão de investigadores ucranianos foi enviada à capital iraniana. A equipe conta com especialistas que participaram das investigações do voo MH17, da Malaysia Airlines, derrubado em 2014 por um míssil antiaéreo russo no espaço aéreo da Ucrânia.
Mais tarde, o governo da Ucrânia informou que passara a investigar a possibilidade de o avião ter sido atingido por um míssil antiaéreo. Também são analisadas as possibilidades de que a aeronave tenha colidido com um drone ou outro objeto voador, ou que tenha ocorrido uma explosão interna como resultado de um ato terrorista, ou uma falha técnica levando à explosão no motor.
O avião transportava 167 passageiros e nove tripulantes, sendo 82 iranianos e 63 canadenses, 11 ucranianos, dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos. O Boeing 737-800 operava há apenas três anos, segundo o serviço de monitoramento aéreo FlightRadar24.
De acordo com as regras internacionais, cabe ao Irã a investigação sobre o incidente. A autoridade de aviação civil iraniana afirmou, porém, que não entregará aos Estados Unidos e à Boeing as caixas-pretas do avião, e ainda não decidiu em qual país será feita a análise do material gravado. Segundo especialistas, poucos países são capazes de realizar esse processo, entre eles Alemanha, EUA, França e Reino Unido. Os iranianos, porém, convidaram o Canadá e a Suécia a participarem da investigação.