Bolsonaro não vai a Davos por razões de segurança, mas anda de “jet ski” no Guarujá e viajará à Índia

Nada pode ser mais burlesco do que a teoria conspiratória que alimenta o cotidiano do presidente Jair Bolsonaro, que, com sérias dificuldades para mostrar a que veio, recorre diuturnamente à vitimização. Esse comportamento, que carece de tratamento especializado, é marcado não apenas pela mania de perseguição, mas também e principalmente pela mitomania.

Há dias, a assessoria da Presidência da República informou que Bolsonaro decidiu cancelar sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, por questões de segurança. Segundo o staff palaciano, o presidente preferiu não se expor ao risco em razão do conflito que contrapõe Estados Unidos e Irã.

A alegação do governo para ausência de Bolsonaro no Fórum, que acontecerá entre 21 e 24 de janeiro, é no mínimo galhofeira, pois a segurança que estará disponível aos participantes do encontro é a maior possível. Ou seja, a chance de Bolsonaro sofrer um atentado na Suíça é próxima de zero.

Não obstante, o presidente brasileiro desembarcará na Índia no dia 25 de janeiro para concluir acordos comerciais entre ambos os países. Considerando que Bolsonaro vem declarando apoio seguidas vezes a Donald Trump no caso do ataque que matou o general iraniano Qasem Soleimani, a possibilidade de um atentado em solo indiano é infinitamente maior do que em Davos.

Para provar que segurança não é a preocupação maior de Jair Bolsonaro, que usa o tema apenas para se fazer de vítima, o presidente andou de “jet ski” no litoral sul paulista, no final de semana, ocasião em que visitou as marinas da cidade de São Vicente. Em que pese o fato de o presidente da República contar com forte esquema de segurança, no mar “todos os gatos são pardos”. Ou seja, um ataque a Bolsonaro seria perfeitamente viável com um drone, operado a partir de uma embarcação. Não se pode esquecer que facções criminosas que atuam na Baixada Santista têm poderio financeiro para agir.

Em suma, Bolsonaro só desistiu de participar do Fórum Econômico Mundial porque não tem o que dizer aos participantes do encontro, pois seu discurso na 74ª edição da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) foi um fiasco sem precedentes. Além disso, o presidente brasileiro teria de enfrentar em Davos críticas pelas queimadas na Amazônia, não sem antes ser obrigado a olhar nos olhos daqueles que ele acusou de terem financiado os focos de incêndio na maior floresta tropical do planeta.

Resumindo, Bolsonaro é um covarde em último grau que tenta dar a si próprio mais importância do que realmente merece. Enfim…