Bolsonaro exibe despreparo e indigência intelectual ao ser questionado sobre denúncia contra Greenwald

Ocupar a Presidência da República exige não apenas competência, mas estofo à altura do cargo, algo que Jair Bolsonaro não tem. Além disso, como se não bastasse suas inúmeras e bizarras deficiências, o presidente insiste em destilar diariamente sua anorexia intelectual, única forma de frequentar o noticiário verde-louro, vez por outra o internacional.

Sempre disposto a atacar a imprensa e aqueles que o contrariam, Bolsonaro, na manhã desta terça-feira (21), voltou sua verborragia na direção do jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, alvo de uma aberração jurídica por parte do Ministério Público Federal (MPF), que o denunciou por associação criminosa e interceptação telefônica ilegal no âmbito da Operação Spoofing, que investiga o “hackeamento” de celulares de autoridades e políticos, tendo como pano de fundo a Operação Lava-Jato.

Ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi questionado sobre a denúncia contra Greenwald. Sempre com o besteirol pronto para ser acionado, o presidente questionou se o jornalista ainda está no Brasil. E disparou: “Não devia nem estar. Onde está esse cara? Ele está no Brasil?”.

Com um vocabulário tosco, que certamente coraria de vergonha o porteiro de um bataclã qualquer, o presidente da República recorre a esse discurso raso e marcado pela delinquência intelectual apenas para agradar a massa ignara que o apoia, como se a adulação de apasquinados servisse para algo.

Em julho de 2019, um mês após a primeira publicação das mensagens trocadas entre o então juiz Sérgio Moro e integrantes da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Bolsonaro, portando-se como um ditador de república bananeira, sugeriu que Glenn, a quem chamou de “malandro”, poderia ser preso a qualquer momento. “Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, disse o presidente na ocasião, em clara demonstração de que desconhece a legislação vigente, apesar de ter passado 28 anos no Legislativo.

Nesta terça, diante da insistência dos repórteres, que questionaram se a denúncia contra Greenwald poderia ser interpretada como perseguição à atividade da imprensa, Bolsonaro, de chofre, se recusou a responder, mas acabou cedendo e recorreu a uma ironia, como sempre, pois a falta de raciocínio rápido o leva a esse tipo de manobra pífia. “Quem denunciou foi a Justiça. Você não acredita na Justiça?”, disse Bolsonaro.

Beira a irresponsabilidade um ex-parlamentar, que cumpriu sete mandatos de deputado federal, desconhecer que denúncia cabe ao Ministério Público, não à Justiça, que decide sobre a plausibilidade do que foi denunciado. Após ser informado por assessores que a denúncia é de responsabilidade do MP, Bolsonaro disse: “É MP, MP”. Mesmo assim, há quem afirme que Jair Bolsonaro é o melhor presidente de todos os tempos. Imagine, caro leitor, se fosse o pior.