O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a previsão de crescimento para o Brasil em 2020, rebaixando ligeiramente o prognóstico de crescimento da economia global para 3,3% em 2020 e 3,4% em 2021.
Em relação ao relatório de outubro, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial para 2020 tem uma queda de 0,1 ponto percentual, enquanto a estimativa para a alta de 2021 foi reduzida em 0,2 ponto percentual.
As cifras constam da mais recente atualização do World Economic Outlook, avaliação da economia mundial publicada anualmente em abril e revisada ao longo dos 12 meses seguintes.
O relatório foi apresentado nesta segunda-feira (20) pela economista-chefe da organização, Gita Gopinath, no Fórum Econômico Mundial em Davos.
Segundo Gopinath, o PIB brasileiro deve crescer 2,2% neste ano – alta de 0,2 ponto percentual em relação à previsão divulgada em outubro – e 2,3% em 2021, redução de 0,1 ponto em comparação com o relatório anterior.
O FMI também elevou a estimativa de crescimento da economia brasileira em 2019, de 0,9% para 1,2% – superior à previsão do governo federal, que prevê alta de 1,12%. O resultado final do PIB do ano passado deve ser divulgado em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para justificar a melhora das projeções para o Brasil, o FMI cita a aprovação da reforma da Previdência e a melhora das expectativas na área de mineração, após um período de incerteza marcado pela ruptura da barragem da Vale em Brumadinho (MG).
O documento também destaca que a economia da América Latina está se recuperando e crescerá 1,6% em 2020 e 2,3% em 2021, com ajuda do Brasil e apesar da piora das previsões de expansão para o México e da agitação civil no Chile.
O documento destaca alguns elementos positivos a nível mundial, como a sensação de que a atividade manufatureira e o comércio internacional tocaram o fundo do poço e que agora só podem melhorar.
Como justificativa para as previsões em relação à economia global, o documento cita a aplicação de políticas monetárias menos rígidas, as boas notícias sobre o conflito comercial entre a China e os Estados Unidos, assim como a diminuição das chances de ocorrer um Brexit duro.
Esses sinais, ainda segundo o relatório, podem contribuir para um aumento dos gastos de famílias e empresas, embora, por outro lado, persistam tensões geopolíticas, particularmente entre os EUA e o Irã.
Na visão do FMI, o recente confronto entre os dois países pode piorar ainda mais as relações entre Washington e os seus parceiros comerciais, e alargar o que chamou de atrito econômico entre outros países, levando a uma rápida deterioração do sentimento econômico.
Para os EUA, o fundo prevê um crescimento de 2% em 2020, em comparação com uma estimativa de 2,3% em 2019, e de 1,7% em 2021, devido à perspectiva de o presidente americano, Donald Trump, dar sequência a uma política fiscal demasiado neutra.
Os números da China, apesar da desaceleração observada pelo FMI, estão longe dos de outros países: crescerá 6% em neste ano e 5,8% no ano que vem. Mesmo assim, continuará a sua tendência descendente, que já levou a uma expansão de 6,1% em 2019, a taxa mais baixa desde 1990.
No entanto, o FMI também prevê maior grau de cooperação multilateral e entende que os Estados devem se proteger contra riscos, melhorando seu setor financeiro e sua política fiscal, sem esquecer a luta contra as emissões de gases de efeito estufa.
No último trimestre de 2019, o crescimento dos mercados emergentes – em que o FMI inclui Índia, México e África do Sul – foi mais fraco do que o estimado pelo próprio FMI em outubro do ano passado, em grande parte devido à queda da demanda interna.
Os riscos para a economia global permanecem sob controle, e o FMI percebeu que a estabilidade do mercado persiste, fator que contribuiu para o declínio do conflito entre a China e os EUA. (Com agências internacionais)