Pouco depois de seu governo negociar uma trégua na guerra tarifária com a China, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agora aponta seus canhões para a Europa.
Na quarta-feira (22), Trump ameaçou impor tarifas devastadoras sobre os automóveis europeus para forçar a União Europeia (UE) a ceder nas negociações sobre um acordo comercial transatlântico. Anteriormente, o presidente dos EUA havia prometido aumentar as tarifas sobre as importações dos veículos fabricados na UE, mas acabou adiando a decisão.
Trump reuniu-se com a nova chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), onde teria reforçado a posição americana de diminuir as desvantagens comerciais de seu país em relação ao bloco europeu.
“Encontrei a nova chefe da Comissão Europeia que, por sinal, é fantástica. Tive uma ótima conversa. Mas, eu disse, ‘veja bem, se nós não obtivermos algo, vou ter que tomar uma atitude’ e essa atitude será através de tarifas muito altas sobre os carros deles e outras coisas que entram em nosso país”, disse Trump em entrevista à emissora americana CNBC, em Davos.
“É mais difícil negociar com a União Europeia que com qualquer outro. Há muitos anos eles vêm obtendo vantagens sobre o nosso país”, afirmou Donald Trump à Fox Business Network, em claro discurso de campanha. “No final, vai acabar sendo fácil, porque se não conseguirmos um acordo, teremos que colocar 25% nas tarifas sobre os automóveis deles”, acrescentou o inquilino da Casa Branca.
“Para ser honesto, eu queria esperar até encerrar [as negociações] com a China”, disse Trump. “Não queria ir contra a China e a Europa ao mesmo tempo”, completou.
O relato do presidente americano contrasta com a narrativa de Von der Leyen sobre a conversa entre ambos. Ela disse que teve um diálogo positivo com Trump e demonstrou otimismo sobre a perspectiva de chegar a um acordo nas áreas de comércio, tecnologia e energia. “Esperamos em poucas semanas chegar a um acordo que ambos possamos assinar”, disse a chefe do Executivo da UE.
A embaixadora da Alemanha nos Estados Unidos, Emily Haber, disse em Washington que a UE é tão forte economicamente quanto os EUA, e que se Trump confirmar o aumento das tarifas de importação, o bloco europeu responderá na mesma medida.
Um possível aumento das tarifas de importação nos EUA resultaria em um aumento exponencial nos preços dos automóveis europeus no mercado americano, atingindo com força marcas mais sofisticadas como as alemãs BMW e Audi.
O mercado de ações na Europa parece ter sentido os efeitos da ameaça de Donald Trump, que no momento precisa de um factoide para desviar a atenção da opinião pública americana, que está atenta ao processo de impeachment do republicano. Na quarta-feira, as bolsas de Londres, Frankfurt e Paris fecharam em baixa. (Com agências internacionais)