Na quarta-feira (5), ao defender a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que propôs a abstinência sexual como política pública para combater a gravidez precoce, o presidente Jair Bolsonaro falou em “depravação total”, não sem antes afirmar que os portadores do vírus HIV representam “despesa para todos no Brasil”. Na verdade, não existe despensa maior pata uma sociedade do que a imbecilidade de um governante, mas Bolsonaro continua acreditando que é o derradeiro gênio da raça.
Considerando que o dia de ontem é passado e que a cada instante surge no cenário nacional um novo destampatório presidencial, nesta quinta-feira (6), para alegrar a massa ignara que o adula insistentemente, Jair Bolsonaro voltou a apelar para as hipérboles, como se o planeta não soubesse da limitação do seu raciocínio.
Ao deixar o Palácio da Alvorada, pela manhã, o presidente, que recentemente declarou que não mais concederia entrevistas, parou para falar com os jornalistas que o aguardavam à porta da residência oficial, até porque essa é a única maneira de estar na mídia – de carona no absurdo. Bolsonaro, ao ser questionado sobre reeleição, disse que é “imbrochável”.
“Não estou preocupado com reeleição. Podem continuar escrevendo [incompreensível]. Não vou brochar para atender vocês [jornalistas] pensando em reeleição. Eu sou imbrochável”, disse o desqualificado presidente da República.
Entre os muitos assuntos que preocupam Bolsonaro, o primeiro da lista é a reeleição. Prova disso é a forma como ele vem esgrimando com seus principais adversários, a começar pelos governadores João Dória Júnior e Wilson Witzel, de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente. Além disso, a recorrentes investidas públicas contra o ministro Sérgio Moro (Justiça) são outra prova de sua preocupação com a reeleição.
Bolsonaro tem o direito de vestir a fantasia do dissimulado, mas não poder querer que a opinião pública acredite em suas persistentes bravatas. Ademais, para quem responsabilizou o Partido dos Trabalhadores pelo que classificou como “depravação total”, alegar ser “imbrochável” é no mínimo incoerência.
Na verdade, Bolsonaro tem uma necessidade quase doentia de abordar em público sua virilidade, algo que faz com a mesma frequência e intensidade com que ataca os homossexuais. Talvez Sigmund Freud, se estivesse vivo, não fosse capaz de explicar essa anomalia da psique de Bolsonaro.
Não é a primeira vez que Bolsonaro usa o termo “imbrochável”. Em 6 de setembro de 2019, diante de apoiadores que o aguardavam à porta do Palácio do Alvorada e pediam para que ele não desistisse de governar o Brasil, o presidente da República disparou mais uma de suas conhecidas pérolas: “Reconheço as minhas limitações, as minhas fragilidades, a minha incompetência em alguns momentos. Eu sou imbrochável”.
Para quem sugeriu à sociedade defecar a cada 48 horas como forma de ajudar na solução dos problemas ambientais e alegou ter utilizado o apartamento funcional da Câmara dos Deputados para “comer gente”, afirmar ser “imbrochável” não assusta quem vive nessa barafunda em que se transformou o Brasil, mas é preciso reconhecer que esse comportamento esdrúxulo e depravado do presidente requer tratamento.