O processo de desflorestamento na Amazônia cresceu 108% em janeiro de 2020, em comparação com o ano anterior, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Seu sistema Deter, baseado na monitoração por satélite, analisa alterações na densidade da mata em tempo real. Ele mostra que foram desflorestados 284 quilômetros quadrados no primeiro mês, contra 136 quilômetros quadrados em janeiro de 2019.
Os números confirmam a clara tendência de aumento dos desmatamentos sob a presidência de Jair Bolsonaro. No total, em 2019 perderam-se 9.166 quilômetros quadrados de mata, enquanto no ano anterior foram apenas 4.946.
Bolsonaro, que ocupa o cargo desde janeiro de 2019, acusou os pesquisadores de quererem danificar sua imagem com cifras exageradas. Depois que o Inpe registrou um aumento do desmatamento de 278% em julho, e de 222% em agosto, o diretor do instituto, Ricardo Galvão, foi demitido – apesar de se confirmar que os dados estavam corretos.
A política ambiental do Brasil tem sido alvo de severas críticas internacionais, tanto devido ao aumento do desflorestamento quanto aos gigantescos incêndios florestais de meados de 2019 na Região Amazônica. O presidente reagiu anunciando em janeiro a criação de uma Força Nacional Ambiental, cujos integrantes combateriam atividades ilegais em áreas de crise.
A recente movimentação do governo Bolsonaro na direção das questões ambientais foi a saída encontrada pelo Palácio do Planalto para salvar o ministro da Economia, Paulo Guedes, que no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), foi obrigado a engolir “cobras e lagartos” por conta do descaso brasileiro com o tema.
Na esteira da forma debochada como Jair Bolsonaro trata as questões ambientais, até porque é preciso dar a contrapartida à sanha dos ruralistas, líderes internacionais começam a recuar em relação ao Brasil, em especial no quesito comercial.
Para piorar a situação do Brasil no cenário internacional, Bolsonaro enviou ao Congresso projeto de lei que libera a exploração de energia hidrelétrica, gás, petróleo e minérios em terras indígenas. Considerando que o País tem 300 mil garimpeiros à espera de uma sinalização para avançar sobre as reservas minerais, o tal projeto é uma senha para o ilícito.
Resumindo, o presidente da República quer aniquilar os povos indígenas, como deixou claro em recente declaração: “Cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós. Então, vamos fazer com que o índio se integre à sociedade e seja realmente dono da sua terra indígena.