Chefe do “Escritório do Crime” e foragido da Justiça, Adriano da Nóbrega morre em confronto com policiais

Ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro e foragido da Justiça fluminense há quatorze meses, Adriano Magalhães da Nóbrega foi morto durante troca de tiros com policiais, nas primeiras horas deste domingo (9), em Esplanada, cidade do interior da Bahia.

Apontado como chefe do “Escritório do Crime”, grupo de matadores de aluguel que atua na comunidade de Rio das Pedras, no Rio de Janeiro, e de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o capitão Adriano era ligado a Fabrício Queiroz, pivô do escândalo das “rachadinhas”.

Adriano trabalhou com Queiroz no 18º Batalhão da PM do Rio de Janeiro e era investigado por lavagem de dinheiro no esquema de “rachadinha” na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). A mãe e a ex-esposa de Nóbrega trabalhavam no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, tendo sido levadas aos respectivos cargos por Queiroz. De acordo com as investigações do Ministério Público do Rio, o miliciano ficava com parte do salário de ambas.

Há algumas semanas, policiais do Rio de Janeiro e da Bahia receberam informações de que Nóbrega estaria no estado nordestino e passaram a monitorá-lo. Há dias, na Costa do Sauípe, no litoral baiano, policiais tentaram prender o miliciano em um condomínio de luxo, onde ele havia alugado uma casa para comemorar o aniversário, mas ao perceber a chegada dos agentes consegui escapar. Na fuga, Adriano deixou no imóvel documentos falsos com nome de outra pessoa.

Neste domingo, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Adriano da Nóbrega foi baleado durante a troca de tiros e foi socorrido em um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com os policiais, o miliciano portava uma pistola austríaca 9mm. “Buscamos efetuar a prisão, mas o procurado preferiu reagir atirando”, afirmou o secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa.

No dia 30 de janeiro, o Ministério da Justiça divulgou a lista do principais procurados do País, mas estranhamente deixou de fora do rol o nome de Adriano da Nóbrega. O ministro Sérgio Moro, que há muito trava intensa queda de braços com o presidente da República, preferiu o silêncio, quando na verdade deveria dar explicação aos brasileiros de bem.

Em nota, o Ministério da Justiça alegou que o nome do chefe do “Escritório do Crime” não constava da lista dos procurados porque “as acusações contra ele não possuem caráter interestadual, requisito essencial para figurar no banco de criminosos de caráter nacional”. Ou seja, as polícias do Rio de Janeiro e da Bahia uniram forças para capturar o miliciano, mas a pasta comandada por Moro não viu necessidade de incluí-lo na lista.

Como noticiamos em matéria anterior, tal alegação seria aceitável se outros dois procurados não tivessem o mesmo “status” de Adriano da Nóbrega. São eles: Wellington da Silva Braga, o Ecko, e Danilo Dias Lima, o Tandera, que atuavam em milícias de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Tandera, braço direito de Ecko, é suspeito de “lavar o dinheiro oriundo de atividade criminosa da milícia, adquirindo bens de luxo, como mansões, cavalos de raça, carros, entre outros”.