EUA retiram Brasil e outras 23 nações de lista de países em desenvolvimento

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos divulgou, na segunda-feira (10), nota informando ter retirado o Brasil da lista de países considerados em desenvolvimento. A medida pode restringir benefícios comerciais dados aos países que constam da lista.

Além do Brasil, outros 23 países foram afetados: África do Sul, Albânia, Argentina, Bulgária, Cazaquistão, China, Cingapura, Colômbia, Coreia do Sul, Costa Rica, Geórgia, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Moldávia, Montenegro, Macedônia do Norte, Quirguistão, Romênia, Tailândia, Ucrânia e Vietnã, de acordo com a nota do governo americano. Esses países deixarão de receber tratamento diferenciado, como prazos mais longos para implementação de acordos comerciais e vantagens tarifárias.

A determinação abre margem para que os EUA imponham retaliações a produtos de países antes protegidos pelo status de nação em desenvolvimento, caso seja comprovado que essas nações subsidiam produtos acima de um determinado limite.

O principal objetivo do governo dos EUA, segundo a nota, é reduzir o número dos países em desenvolvimento que poderiam receber tratamento especial sem serem afetados por barreiras contra seus produtos.

O texto informa que a decisão considera “fatores econômicos, comerciais e outros, incluindo o nível de desenvolvimento econômico […] e a participação de um país no comércio mundial”. O Departamento de Comércio frisou também que a medida foi motivada por pedidos de adesão à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Durante visita a Washington, em março de 2019, Jair Bolsonaro aceitou abrir mão de status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE. Naquela ocasião, o UCHO.INFO afirmou que a decisão era temerária, pois o Brasil ainda se debatia com a crise econômica, como ainda se debate, e os benefícios concedidos a nações consideradas em desenvolvimento seriam importantes para o País.

Além disso, a Casa Branca também levou em conta o fato de um país ser membro do G20, grupo integrado pelo Brasil e mais 18 nações, além da União Europeia (UE). “Dada a importância econômica global do G20 e o peso econômico coletivo […], ser membro do G20 indica que um país é desenvolvido”, ressalta a nota divulgada pelo governo americano.

Em janeiro passado, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), Trump afirmou que a OMC não tratou de forma justa os EUA. “A China é vista como país em desenvolvimento. A Índia também. Nós (EUA) não somos vistos como um país em desenvolvimento. Mas, a meu ver, também somos uma nação em desenvolvimento”, disse o presidente americano na ocasião.

Sabujice nauseante

A subserviência de Jair Bolsonaro à Casa Branca chega a causar gastura, principalmente porque o presidente brasileiro, um néscio em assuntos econômicos, mira apenas as questões ideológicas. Nesta terça-feira (11), ao ser questionados sobre o tema pelos jornalistas quando deixava o Palácio da Alvorada, Bolsonaro inicialmente recorreu à dissimulação, mas em seguida acenou com o polegar, como se aprovasse a medida adotada por Trump.

Na sequência, sempre embalado pelo “non sense”, Bolsonaro quis saber dos jornalistas a razão pela qual o presidente americano “tão criticado pela imprensa dos Estados Unidos”.

“O cara diminuiu o desemprego, melhorou a economia, atendeu os latinos que já estão lá. Será que quando tem notícia boa a imprensa não vende? Será que é isso?”, ironizou o sempre debochado Bolsonaro, que até agora não mostrou a que veio.

Diante da insistência dos repórteres em seguir com perguntas sobre a decisão do governo dos EUA, o presidente brasileiro encerrou abruptamente a entrevista. Apesar disso, Bolsonaro diz que é um defensor da democracia e da imprensa livre. Isto é, desde que a mídia se submeta às suas vontades.