OCDE reduz previsão de crescimento da economia global por conta do surto do novo coronavírus

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu na manhã desta segunda-feira (2) a previsão para o crescimento global em 2020 em meio ponto porcentual, de 2,9% para 2,4%, com base nos efeitos colaterais do novo coronavírus. Trata-se da mais baixa projeção para a economia global desde 2009.

A OCDE fez um alerta preocupante, mas esperado por alguns economistas: o Produto Interno Bruto (PIB) global pode ser até mesmo negativo no primeiro trimestre e cair para 1,5% em 2020, caso a epidemia de Covid-19 se agrave.

“Os governos precisam agir com rapidez e força para superar o coronavírus e seu impacto econômico”, defende a OCDE. Para 2021, porém, a projeção de crescimento global foi elevada de 3,0% para 3,3%.

“As contrações na produção na China (epicentro da epidemia) estão sendo sentidas em todo o mundo, refletindo o papel fundamental e crescente do país asiático nos mercados globais de cadeias de suprimentos, viagens e commodities”, justifica a instituição, que também cortou a previsão de crescimento econômico da China em 2020 de 5,7% para 4,9%.

No tocante à economia dos Estados Unidos, a OCDE prevê impacto mais limitado, apesar de ter reduzido as projeções de crescimento do PIB americano de 2,0% para 1,9%em 2020.

 
A entidade ressaltou também algo que o mercado já percebera há algum tempo: que o novo coronavírus mostrou que a atualmente economia global está mais dependente da China do que em 2003, quando o surto de SARS também impactou os mercados ao redor do planeta.

“A China desempenha um papel muito maior nos mercados globais de produção, comércio, turismo e commodities. Isso amplia as repercussões econômicas para outros países”, destacou a OCDE, que estima impacto negativo sobre as economias do Japão, da Coreia do Sul e da Austrália.

Entre as medidas para a contenção dos impactos econômicos do novo coronavírus, a OCDE enfatiza a importância do apoio às economias de baixa renda e o aumento de estímulos fiscais, não sem antes flexibilizar o quadro monetário em países que tenham condições para tal. Entre os países com possibilidade de adoção de relaxamento monetário, a OCDE cita o Brasil.

A flexibilização da política monetária serve, no momento, para absorver os efeitos colaterais do surto do novo coronavírus, o que teria efeito negativo na economia de países exportadores de commodities, como, por exemplo, o Brasil. Mesmo assim, a OCDE manteve em 1,7% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no corrente ano.

“Os ventos contrários adicionais e a incerteza relacionados ao surto de coronavírus tornam essencial que as políticas monetárias continuem favoráveis em todas as economias”, afirma a entidade. “Estímulos monetários ajudarão a economia a restaurar a confiança, embora o impacto de recentes e esperadas mudanças nas taxas de juros de países desenvolvidos deve ser modesta”.