De toga e batom

(*) Carlos Brickmann

Há 103 anos, mulheres indignadas com os preços altos, o desemprego, o desabastecimento e a piora das condições de vida na Rússia imperial fizeram uma grande passeata. Operários homens se juntaram a elas, num protesto que a Polícia não conseguiu reprimir. Foram dias de manifestação – uma prévia do que seria a Revolução russa de 1917, que derrubou o czar. E a data é relembrada no Dia Internacional da Mulher, sempre em 8 de março.

As coisas estão mudando, não em todo o mundo (ainda há países onde as mulheres não podem sair à rua sem a companhia de um homem da família), mas no mundo civilizado. Aquela força rebelde das mulheres russas indignadas e inconformadas já se estende à estrutura formal de poder.

A partir de agora, há mais advogadas que advogados no Rio Grande do Sul. Segundo o ótimo portal jurídico Espaço Vital, já há 43.579 advogadas para 42.810 advogados. Há ministras no STF brasileiro. Nos EUA, Nancy Pelosi é a poderosa presidente da Câmara dos Deputados. A primeira-ministra da Islândia chefia um governo de muitas mulheres; a pessoa com mais poder na Europa é a primeira-ministra alemã Angela Merkel. Índia e Israel tiveram primeiras-ministras, ambas comandaram guerras vitoriosas e são sempre lembradas. Hillary Clinton por pouco não se elegeu presidente dos EUA – teve mais votos que Trump, mas perdeu na soma dos delegados.

Leva tempo – mas a conquista da igualdade pelas mulheres é inevitável.

Ouro e brilhantes – o retorno

A Suíça devolveu ao Brasil 4,5 kg de ouro e 27 brilhantes lá depositados pelo esquema do ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso. A existência e a localização do tesouro foram reveladas por dois dos responsáveis pela ocultação dos bens do grupo, que fizeram acordo de delação premiada.

No total, os delatores levaram o Ministério Público a recuperar algo como US$ 100 milhões de Sérgio Cabral entregues a eles para ocultação. O ouro e os brilhantes estão avaliados em R$ 20 milhões.

Apartamento – o retorno

Nota na coluna de Ancelmo Góis, O Globo, dia 6: “A advogada Adriana Ancelmo pediu de volta o apartamento da rua Aristides Espínola, onde ela morou com Sergio Cabral, que tinha sido alugado. Metade dos aluguéis vai para ela, a outra metade é depositada em favor da 7ª Vara Criminal Federal, por decisão do juiz. Ela pretende morar lá com o novo namorado.

“Aliás, Adriana não é legalmente casada com o ex-governador. Quando eles brigaram, em 2011, divorciaram e nunca voltaram a casar”.

Vivo ou morto

Mais uma citação do Espaço Vital (www.espacovital.com.br): o advogado carioca Michel Assef, 75 anos, esteve na semana passada numa agência da Caixa Econômica Federal do Rio, para fazer prova de vida (exigência do INSS). Provou que estava vivo, recebeu o comprovante, e foi para casa. Dias depois, recebeu aviso da Caixa avisando que, como no ano anterior ele não tinha feito a prova de vida, teria de comprovar com documentos que estava vivo em 2019. Estar vivo em 2020, para os burocratas, não prova que estava vivo um ano antes.

A propósito, a reforma administrativa sai ou não sai?

Lombo dolorido

O Impostômetro colocado pela Associação Comercial de São Paulo no centro da cidade alcançou R$ 500 bilhões no dia 6. O valor dos impostos, contribuições, multas e taxas foi alcançado três dias antes que no ano anterior. O dinheiro retirado do bolso dos cidadãos também saiu alguns dias mais cedo.

O economista Emílio Alfieri, da ACSP, sustenta que essa notícia pode ser positiva: como as alíquotas não subiram, indica uma recuperação da economia – lenta, mas em alta. O déficit público também caiu, de 1,2% para 0,7%. “Antes”, diz Alfieri, “aumentava a arrecadação, mas o Governo gastava mais, e o déficit crescia. Agora a receita aumenta e o gasto cai. Isso mostra que a política econômica está no rumo certo”.

Menos bagunça

O economista da Associação Comercial lembra, porém, que a retomada do desenvolvimento poderia ser maior se as reformas já estivessem feitas. Esperemos: as reformas administrativa e tributária continuam paradas. E a cada crise dessas a que nos habituamos faz com que a demora aumente.

Boa notícia

No Governo Bolsonaro, a quantidade de cartões corporativos em uso caiu de 6.100 (com Dilma) para 1.666 – quase 75% a menos. Os gastos da Presidência da República com os cartões corporativos, que chegaram ao recorde de R$ 80 milhões em 2010, último ano do Governo Lula, e ficaram na média de R$ 60,2 milhões por ano no Governo Dilma, já não caíram tanto: de acordo com o colunista Cláudio Humberto (www.diariodopoder.com.br) os gastos estão hoje em R$ 52 milhões anuais, a mesma média registrada no Governo Michel Temer.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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