Coronavírus: voz isolada, Bolsonaro tenta “vender” bom-mocismo, mas é escanteado por Dória e Witzel

 
A anos-luz de ser um líder de fato, Jair Bolsonaro é voz isolada e desacreditada na seara da crise provocada pelo avanço do novo coronavírus, que cada vez mais deixa mortos pelo caminho. Ignorado por governadores e pelos prefeitos das principais capitais do País, Bolsonaro tenta se salvar politicamente à sombra de uma reação pífia e populista, que serve apenas para escancarar a incompetência do governo.

No momento em a maior parte do planeta permanece sob isolamento para se proteger do vírus causador da Covid-19, Bolsonaro critica a decisão dos governadores de adotar medidas restritivas nos estados, como forma de conter, na medida do possível, o avanço da epidemia. É preciso reconhecer que o mundo está em guerra contra um inimigo desconhecido e por isso é preciso adotar medidas radicais para minimizar a quantidade de surpresas desagradáveis, que, é importante ressaltar, não são inevitáveis.

Como informou o UCHO.INFO em matéria anterior, Bolsonaro, ao atacar os governadores, não está preocupado com o amanhã dos trabalhadores e dos mais pobres, mas, sim, com o seu projeto de reeleição, que começa a derreter em meio ao caos provocado pela pandemia. O palavrório insano e desnecessário de Jair Bolsonaro, na manhã desta sexta-feira (20), teve como alvo os governadores de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), seus ´potenciais adversários na disputa presidencial de 2022.

Se a preocupação do presidente da República fosse de fato com os trabalhadores e os mais pobres, o governo já teria tomado alguma medida na área econômica para aliviar o calvário dessa parcela da população. Essa é uma reivindicação que há muito fazemos, mas os bolsonaristas, sempre desprovidos de argumentos, acusam-nos de sermos de esquerda, o que não é verdade. E se fossemos não haveria problema ou contraindicação. Prova maior é que publicamos artigos de colaboradores sabidamente de direita, apenas porque somos defensores incorrigíveis da democracia.

 
Nessa tentativa vã e deprimente de escapar do furacão que se forma na própria incompetência, Bolsonaro reage da maneira errada, atacando aqueles que, independentemente de razões ideológicos e interesses político-eleitorais, deveriam ser seus parceiros nessa cruzada, até porque o Brasil existe como república debaixo do manto federativo. Talvez o presidente desconheça esse importante detalhe.

Um dos alvos do ataque desferido pelo presidente da República, o tucano João Doria não deixou por menos e reagiu prontamente às críticas. “Estamos fazendo o que deveria ser feito pelo líder do País, o que o presidente Jair Bolsonaro, lamentavelmente, não faz, e quando faz, faz errado”, disse o governador paulista.

Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, em entrevista à Rede Globo, também reagiu às críticas de Bolsonaro. “Estamos regulamentando aquilo que nós entendemos que é fundamental para salvar vidas, e o governo federal precisa fazer sua parte. Nós não temos diálogo com o governo federal. Não sou só eu, os governadores que querem falar com o governo federal precisam mandar uma carta”, disse o governador fluminense.

Em seguida, Witzel foi ao Twitter para emendar sua resposta aos ataques do Palácio do Planalto. “Pelo amor de Deus, o governo federal precisa entender que não é hora de fazer política. É hora de trabalhar e ajudar os empresários que vão quebrar, as pessoas que vão perder o emprego e os que vão morrer de fome. Os governadores estão trabalhando a mil por hora. Os estados não têm condições de resolver o problema dos empresários que vão quebrar, das pessoas que vão passar necessidade. É hora de agir”, escreveu.

Sem competência e estofo para ocupar cargo de tamanha relevância e responsabilidade, como sempre afirmamos, Jair Bolsonaro recorre a factoides e à vitimização todas as vezes em que se depara com dificuldades políticas. E agora não será diferente. O presidente começa a se fazer de vítima ao mesmo tempo em que tenta colocar a opinião pública contra seus principais adversários na eleição de 2022. Resumindo, é um irresponsável com todas as letras.