Bolsonaro diz que coronavírus “não é isso tudo” e afirma desconhecer hospital no Brasil que esteja lotado

 
Na tarde desta quinta-feira (2), durante conversa com pastores evangélicos que o aguardavam à porta do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos conter o avanço do novo coronavírus e minimizar o impacto da Covid-19, doença que vem deixando milhares de mortos em todo o planeta.

Bolsonaro, que aproveitou o encontro para mais uma transmissão nas redes sociais, afirmou desconhecer “qualquer hospital que esteja lotado” e disse que o coronavírus “não é isso tudo”.

“Eu desconheço qualquer hospital que esteja lotado. Muito pelo contrário. Um hospital no Rio de Janeiro, um tal de Gazolla, que tem 200 leitos, só tem 12 ocupados. Não é isso tudo que estão pintando. Até porque no Brasil a temperatura é diferente. Tem muita coisa diferente”, declarou o presidente da República, em mais um espetáculo tosco que mescla irresponsabilidade com populismo barato.

Para contrariar a descabida declaração de Bolsonaro, um documento interno do Ministério da Saúde, datado de 27 de março, aponta que em 17 estados da federação 70% dos leitos hospitalares estão ocupados.

Preocupado com a reeleição, o presidente voltou a criticar os governadores pelas medidas adotadas para conter o avanço da pandemia. Bolsonaro disse aos religiosos que o aguardavam que é preciso convencer os governadores “a não continuarem sendo radicais”.

 
Em referência ao governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), seu eventual adversário na corrida presidencial de 2022, Bolsonaro afirmou que o tucano terá “que desfazer o que fez de excesso” e assumir a responsabilidade.

“Eles acabaram com o comércio. O Dória acabou com o comércio na estrada. Não pediu para mim, não vou conversou comigo, para fazer aquela loucura. E quer agora vir para cima de mim. Tem que se responsabilizar pelo que ele fez. Ele tem que ter uma fórmula agora de começar a desfazer o que ele fez de excesso há pouco tempo. Não vai cair no meu colo essa responsabilidade. Desde o começo, eu estou apanhando dele e mais alguns exatamente por falar isso.

Em nova incursão populista, Bolsonaro, exaltando sua irresponsável decisão de passear por setores Brasília e regiões do Distrito Federal no último domingo (29), desafiou os governadores a fazerem o mesmo.

“Duvido que um cara desses, um governador desses, um Dória da vida, um (Carlos) Moisés [governador de Santa Catarina], vai no meio do povo. Não vai. Algumas outras autoridades que me criticam, vai lá conversar com o povo. A justificativa é “não vou porque posso pegar…”. Tá com medinho de pegar vírus? Tá de brincadeira”, disse o sempre debochado Bolsonaro.

A fala de Jair Bolsonaro comprova as recentes afirmações do UCHO.INFO acerca da criminosa estratégia do presidente da apostar no recrudescimento do caos como forma de colocar a população contra os governadores, que por enquanto têm adotado as medidas necessárias e adequadas para conter o avanço do novo coronavírus no País.