Novo coronavírus: empresas brasileiras lançam manifesto contra demissões nos próximos dois meses

 
Um grupo de 41 empresas brasileiras lançou um manifesto, intitulado “Não demita”, comprometendo-se a não cortar postos de trabalho ao menos nos próximos dois meses, e conclamando outros empresários a fazerem o mesmo, diante dos impactos que a pandemia de Covid-19 terá sobre a economia.

“Mantendo nossos quadros ajudaremos a evitar ou minimizar um possível colapso econômico e social. Se você tem fábricas ou instalações, siga as orientações da OMS [Organização Mundial da Saúde] e do Ministério da Saúde. Crie um ambiente de trabalho em que as pessoas possam comer e trabalhar com distância física, e assim se sintam tão seguras quanto se estivessem em casa”, destaca o texto, divulgado no final da última semana.

Entre as empresas que assinam o manifesto estão companhias grandes, de diversos setores, e diretamente atingidas pelas medidas de isolamento impostas pelos governos estaduais, como Magazine Luiza, Lojas Renner, Grupo Pão de Açúcar, Natura e Boticário, além de representantes do setor financeiro, como os rivais BTG Pactual e XP Investimentos. Outras dezenas de empresas também aderiram à campanha.

Tais empresas vão na contramão de outras companhias, como as Lojas Havan, cujo proprietário, Luciano Hang, já ameaçou demitir funcionários, ou a rede de restaurantes Madero, que demitiu 600 trabalhadores no contexto da crise atual.

 
Além de defenderem a manutenção de postos de trabalho, as companhias signatárias do manifesto sugerem que os empresários façam doações: “Se você tiver força financeira, ajude as pessoas que moram nas nossas comunidades a terem condições de sobrevivência”, enfatiza o texto.

“Se você já foi fortemente afetado pela crise ou está passando por dificuldades financeiras na sua empresa e realmente não tem caixa para evitar demissões, ainda assim, pare uns minutos e reflita. Desligar gera um custo imediato, muitas vezes maior que dois meses de salários, e há linhas de crédito e outras soluções que estão sendo criadas todos os dias para ajudar as empresas a atravessar a tempestade”, prossegue o manifesto. “Esta crise tem data para acabar.”

De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (6), o mercado financeiro já considera uma queda de 1,18% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020, diante da pandemia de Covid-19. Há uma semana, a previsão era de recuo de 0,48%.

A estimativa mostra o quanto o avanço da pandemia e a extensão das medidas de isolamento têm pesado nas projeções. Há um mês, o mercado ainda esperava crescimento de 1,99% do PIB.