Pesquisa confirma matéria do UCHO.INFO ao afirmar que casos de Covid-19 no País passam de 240 mil

 
Uma semana após o Brasil confirmar o primeiro caso de Covid-19, o UCHO.INFO afirmou que o número era muito maior, já que o sistema de saúde pública vinha tratando com desdém e irresponsabilidade a pandemia do novo coronavírus. Além disso, afirmamos que o vírus estava em circulação no País há muito mais tempo, podendo ter feito vítimas sem o conhecimento das autoridades sanitárias e da saúde.

Relatamos neste portal de notícias o caso que acompanhamos de uma paciente com vários sintomas de Covid-19 que procurou atendimento médico no Hospital São Paulo, na capital paulista, mas foi mandada de volta para casa sob a alegação de que se tratava de uma simples gripe. Denunciamos o caso ao Ministério da Saúde, que tomou as providências protocolares sem dar solução ao caso. Limitou-se a pasta a enviar e-mail com mensagem informando que estava analisando a denúncia, mas dias depois, sem qualquer resposta satisfatória, alegou que o caso estava encerrado.

O caso da paciente evoluiu para um quadro de média complexidade, com comprometimento dos pulmões e persistente falta de ar, sendo que o pior só não aconteceu porque a solução foi buscar atendimento em rede privada de saúde. Ou seja, apesar de contribuir com suas obrigações em termos de impostos e tributos, a paciente viu-se obrigada a colocar a mão no bolso para salvar a própria vida.

Não demorou muito tempo para especialistas endossarem a nossa matéria, ressaltando a escandalosa subnotificação de casos de Covid-19 no País. Na opinião de alguns, para cada caso diagnosticado do novo coronavírus há pelo menos quinze sem diagnóstico. O presidente do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Sidney Klajner, é defensor da tese do 1 para 15.

Na ocasião, o UCHO.INFO afirmou que no Brasil o número de casos de Covid-19 é no mínimo dez vezes maior do que os oficialmente anunciados. Com mais de 23,4 mil casos confirmados, o País tem, na melhor das hipóteses, mais 200 mil casos não notificados e, portanto, sem diagnóstico.

Um relatório produzido por grupo interdisciplinar formado por epidemiologistas e pesquisadores de outras áreas, integrantes do projeto Nois (que envolve PUC-Rio, Fiocruz, USP e outras instituições), estima que o Brasil tenha ao todo, até o momento, 245 mil casos do novo coronavírus, entre confirmados e não notificados. A estimativa foi feita a partir de números de letalidade, obtida pela divisão do número de mortes pelo número de casos.

 
De acordo com o grupo de pesquisadores, a taxa de letalidade observada no País para os casos encerrados — pacientes que foram a óbito ou receberam alta — é de 16,3%, considerada muito alta se comparada a outros países onde já há estudos com casos bem documentados, dos quais cerca de 1,3% resultaram em óbito.

A conclusão dos pesquisadores não significa que a doença seja mais letal no Brasil, mas que o número real dos casos de infecção pelo novo coronavírus (incluindo os casos leves e assintomáticos) esteja muito além daqueles notificados, como antecipou o UCHO.INFO.

De acordo com os pesquisadores, o grande problema em relação aos dados da Covid-19 no Brasil é a falta de testes, sobretudo os de RT-PCR, considerados mais confiáveis e que detectam a presença do vírus em pacientes que já desenvolveram sintomas da doença.

“A baixa capacidade de testagem pelo RT-PCR fez com que o Ministério da Saúde (MS) recomendasse que apenas os casos graves fossem testados. Ainda assim, nem todos os casos suspeitos deste grupo estão sendo examinados”, destaca o relatório. “Em São Paulo, onde está a maioria dos casos confirmados no país, apenas 24% do total de testes para COVID-19 foram entregues.”

Para os especialistas que participaram da pesquisa, a precariedade dos dados sobre a doença é, em si, um risco enorme para o País. “O elevado grau de subnotificação pode sugerir uma falsa ideia de controle da doença e, consequentemente, poderia levar ao declínio na implementação de ações de contenção, como o isolamento horizontal”, ressalta o relatório.

O Ministério da Saúde, por sua vez, alega que não há condições de testar toda a população para o novo coronavírus, mas que será dada prioridade a determinados grupos, como profissionais de saúde e segurança e seus familiares, assim como a algumas regiões do País, cujo intuito é conhecer o comportamento da doença. O Brasil vem tratando a Covid-19 com excesso de irresponsabilidade e enxurradas de estatísticas, enquanto o vírus vem provocando estrago sem precedentes.