Após decisão do STF sobre isolamento social, próximo ministro da Saúde será mera figura decorativa

 
Quando o UCHO.INFO afirma – faz isso há muito tempo – que Jair Bolsonaro é desprovido de competência e estofo para ocupar cargo de tamanha responsabilidade e relevância como a Presidência da República, não o faz por mera retórica, mas por conhecer a incapacidade de um político que durante quase três décadas permaneceu no chamado “baixo clero’ da Câmara dos Deputados, sem jamais ter aprovado nesse período um projeto de sua autoria que beneficiasse o País.

A questão envolvendo a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tornou-se ponta de honra para o presidente, que terá de ir até o fim para mostrar a seus eleitores que ainda detém o poder. Bolsonaro não está preocupado em salvar vidas no âmbito da pandemia do novo coronavírus, mas em impor suas crenças em relação à Covid-19, como, por exemplo, a flexibilização do isolamento social e o uso da cloroquina no tratamento da doença.

Com a genética de um ditador, Jair Bolsonaro viu seu plano autoritário ruir na esteira da decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), que na quarta-feira (15) definiu que governadores e prefeitos têm autonomia para adotar medidas de isolamento e definir atividades essenciais. Tal decisão deixou Bolsonaro sem poder de fogo na briga com os governadores, mais precisamente contra João Dória Júnior (SP) e Wilson Witzel (RJ), seus potenciais adversários na corrida presidencial de 2022.

 
Diante desse cenário e com a decisão do STF, o próximo ministro da Saúde será figura meramente decorativa no combate à Covid-19, caso o escolhido decida contrariar a ciência e seguir o pensamento absurdo e fora da curva de Jair Bolsonaro.

O presidente da República começou a entrevistar nesta quinta-feira (16) os possíveis substitutos de Luiz Henrique Mandetta, todos médicos, mas dificilmente algum deles aceitará o convite para colocar sobre o fio da navalha o diploma e a própria trajetória profissional. Isso significa que, contrariando a cartilha tosca do presidente, os embates atuais continuarão por mais algum tempo.

Enquanto Bolsonaro não decide quem será o novo ministro da Saúde, o governo age nos subterrâneos para desqualificar Luiz Henrique Mandetta, na esperança de forçá-lo a pedir demissão por causa de eventual constrangimento. Por determinação do presidente, espiões da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e militares do Exército vasculham, de forma sigilosa possíveis irregularidades no Ministério da Saúde durante a gestão de Mandetta.

Para quem sempre negou que o Brasil havia ingressado em um regime ditatorial disfarçado, a prova maior está em cena. Pelo que se sabe, a Abin é um órgão de inteligência cuja missão é servir ao Estado brasileiro, não a um governo obscuro e totalitarista.