No mercado financeiro há dias históricos, esta segunda-feira (20) foi um deles. Isso porque o preço do barril do petróleo fechou em forte e impressionante queda. Em Nova York, o óleo tipo WTI caiu 305,97%%, cotado abaixo de zero, a US$ 37,63 negativos. Trata-se da primeira vez em que commodity é comercializada no campo terreno negativo.
Esse cenário revela que fornecedores de petróleo estão sendo pagos para ficar com o produto, ao mesmo tempo em que há um excesso de estoque de óleo em função de vertiginosa queda na demanda. Apesar de a queda estar relacionada aos contratos para entrega de petróleo em maio, que vencem na terça-feira (21), o quadro decorrente da pandemia do novo coronavírus refletirá cada vez mais nos preços.
Os contratos de WTI para junho ficaram em US$ 20,43 por barril, queda de 18,40%. Já o óleo Brent, comercializado em Londres, também para entrega em junho, encerrou o dia em baixa de 8,94%, a US$ 25,57 o barril. Mas os contratos de ambos os tipos de petróleo eram negociados acima de US$ 65 no início do ano. Ou seja, o novo coronavírus está produzindo estrago considerável.
Em todo o planeta há claros sinais de falta de locais para armazenamento de petróleo. De acordo com a agência de notícias Reuters, há no momento aproximadamente de 160 milhões de barris armazenados em navios-tanque, volume bem acima dos 100 milhões de barris armazenados da mesma maneira forma no auge da crise financeira iniciada em 2008.
Com os contratos futuros de WTI vencendo, ou seja, se transformando em petróleo propriamente dito, a cidade de Cushing (Oklahoma), conhecida como um hub de armazenagem do produto, começa a ver a capacidade de estocagem diminuindo rapidamente por causa da queda na demanda. Há um mês, metade do espaço de armazenagem em Cushing ainda estava livre, mas hoje é de apenas 31%. De acordo com os especialistas, em pouco tempo os tanques da cidade não terão mais espaço para petróleo.
Com a perspectiva de que o consumo de petróleo não reagirá de forma rápida, o comércio do produto nos EUA tende a parar por falta de tanques de armazenamento. De tal modo, no momento quem tem petróleo para vender prefere pagar alguém levar o produto do que não ter onde armazenar.
O mercado internacional de petróleo vem operando em meio a um desarranjo entre oferta e demanda do produto, o que explica as cotações desta segunda-feira. Há dias, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciou cortes na produção do produto como forma de manter o preço, mas a medida não surtiu o efeito esperado, já que a atividade econômica global despencou na esteira da pandemia da Covid-19.