Atacado por Bolsonaro, presidente da Câmara não deve pautar processos de impeachment por enquanto

 
Jair Bolsonaro venceu a eleição presidencial de 2018 como se fosse o derradeiro salvador da humanidade, mas na verdade sua vitória aconteceu porque os eleitores, sempre incautos, decidiram votar contra o PT e os candidatos alinhados à esquerda.

Com promessas de mudança e condenando o que chamou de “velha política”, Bolsonaro abusou do populismo barato e até o momento não mostrou a que veio. Aliás, nos últimos dias o presidente revelou ao País suas reais intenções no cargo: atentar contra a democracia e o Estado de Direito e blindar a família contra qualquer tipo de investigação.

Ao longo dos quase dezesseis meses em que está na Presidência, Jair Bolsonaro protagonizou memoráveis quedas de braço com o Congresso, sendo que a mais recente vítima de seus destempero verborrágico é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que nesse período trabalhou para não fazer o governo atual ruir no meio do caminho.

Bolsonaro, como sabem os leitores, precisa de factoides para, criando cenário de beligerância, manter coesa sua insana horda de apoiadores, que com a demissão de Sérgio Moro desidratou de forma considerável.

 
Temendo ser alvo de processo de impeachment no Congresso, o presidente aproximou-se do chamado “Centrão”, contrariando discurso em prol da moralidade e da ética na política. Bolsonaro terá não apenas que se aproximar de integrantes da “velha política”, como distribuir cargos para evitar um mal maior. Atualmente, estão estacionados na Câmara 30 pedidos de impeachment contra Bolsonaro.

Na política não há “samaritanos”, assim como nada acontece por acaso, mas é preciso reconhecer que se depender de Rodrigo Maia o calvário de Bolsonaro não avançará. Isso porque o presidente da Câmara sinalizou nesta segunda-feira (27) que dificilmente dará seguimento a qualquer um dos pedidos de impeachment que estão sobre sua escrivaninha aguardando deferimento.

Sem abordar diretamente sobre o assunto, Maia declarou: “É claro que os ex-ministros (Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro) são homens de credibilidade e geram pressão na sociedade. Mas acho que todos esses processos (impeachment e CPIs) precisam ser pensados com muito cuidado. Devemos ter paciência e equilíbrio e não ter açodamento”.

Rodrigo Maia, que vem sendo alvo da milícia bolsonarista, lembrou que o momento atual requer foco no enfrentamento à Covid-19. O parlamentar ressaltou que um processo de impeachment aumentaria os impactos na saúde e economia da pandemia. “Já se projeta aumento de 16% de desemprego; aumento da economia informal chegando a 50% dos empregos”, afirmou.

Na opinião do presidente da Câmara dos Deputados, o Parlamento tem por obrigação priorizar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. “Devemos voltar a debater de forma específica o enfrentamento do coronavírus. Não podemos tirar do debate e da pauta do parlamento os projetos e projeções que temos no enfrentamento. Essa deve ser nossa prioridade”, declarou.