Disposto à guerra de versões, Bolsonaro diz que Moro terá de provar no STF as graves acusações que fez

 
Presidente da República, Jair Bolsonaro é daqueles políticos que não cumpre as regras do “jogo”. Acusa o primeiro que passa sem saber o que fala, mas quando é acusado não demora a enfurecer. Foi o que aconteceu no episódio envolvendo a demissão do agora ex-juiz Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), que saiu do governo atirando na direção do presidente.

Recolhido no Palácio da Alvorada no último final de semana por conta das graves acusações feitas pelo ex-ministro, Bolsonaro agora adota a velha tese “o ataque é a melhor defesa”. Se na prática essa estratégia funciona até o fim não se sabe, mas por enquanto o presidente da República tenta criar uma cortina de fumaça para eventualmente estancar a vertiginosa perda de apoio.

Nesta segunda-feira (27), após conversar no domingo com o advogado Frederick Wassef, que defende o senador Flávio Bolsonaro no caso das “rachadinhas”, o presidente disse que no Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-ministro Moro terá de provar as graves acusações que fez.

“O ministro que saiu fez acusações e é bom que ele comprove, até para minha biografia, tá OK? Agora, o processo no Supremo é o contrário, é ele que tem que comprovar aquilo que ele falou ao meu respeito”, disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada.

“Eu espero que o Supremo Tribunal Federal analise para tirar dúvida. Uma acusação grave que foi feita a meu respeito seria bom que o Supremo decida isso o mais rapidamente possível. E [o ex-]ministro pode apresentar as provas, se ele tiver, obviamente”, completou o presidente.

 
A postura do procurador-geral da República, Augusto Aras, no caso em questão foi reprovável, pois o pedido de aberto de inquérito enviado ao STF foi de encomenda, já que em vez de cobrar explicações do presidente da República, exige que Moro comprove as acusações. Por isso Aras mencionou no pedido o crime de “denunciação caluniosa”, que só se configura quando a denúncia é formalizada em algum órgão oficial, o que não aconteceu.

Se há algo que Sérgio Moro sabe muito bem, mas não colocou em prática em algumas ações penais decorrentes da Operação Lava-Jato, é que não se acusa, muito menos se condena, sem provas. Com 22 anos de magistratura, que mandou pelos ares para integrar um governo mambembe, Moro não faria acusações sem estar respaldado em provas, algumas das quais já reveladas.

A Procuradoria-Geral da República, no afã de constranger o ex-ministro, pode solicitar perícia no celular do ex-ministro, mas Sérgio Moro pode se antecipar e disponibilizar o equipamento para análise. Caso isso se confirme, a situação de Bolsonaro ficará ainda mais delicada.

Segundo apurou este portal, Sérgio Moro tem muito mais provas do que as disponibilizadas ao Jornal Nacional, da TV Globo. Além disso, o pronunciamento de Bolsonaro horas depois da polêmica e rumorosa demissão reforçou as acusações feitas por Moro.

Bolsonaro, por orientação dos advogados, tenta levar adiante uma guerra de versões, como se o seu discurso da última sexta-feira (24) não o tivesse comprometido. O UCHO.INFO continua com a mesma opinião a respeito de Sérgio Moro enquanto juiz da Lava-Jato, mas quando o assunto é frieza diante dos fatos é preciso reconhecer que o ex-ministro da Justiça vence o presidente com extrema facilidade. E Bolsonaro que se prepare!