Bolsonaro trata com ironia e deboche o preocupante avanço do número de mortes por Covid-19 no País

 
Com a ignorância exacerbada por conta da crise política que vem devorando sistematicamente o governo, o presidente Jair Bolsonaro novamente demonstrou insensatez diante dos números da Covid-19 no Brasil. Perguntado nesta terça-feira sobre o novo recorde de mortes pelo novo coronavírus no País, que chegou a 474 em 24 horas, Bolsonaro disse que não tem o que fazer.

“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, afirmou o presidente ao ser questionado sobre os números. Bolsonaro disse que cabe ao ministro da Saúde, Nelson Teich, explicar os números da pandemia no País.

O recorde diário anterior do Brasil era de 23 de abril, com 407 novos óbitos. Com o novo balanço, o País ultrapassa a China em número de mortos, com 5.017 vítimas fatais pela Covid-19, ocupando o novo lugar com mais óbitos pela doença no planeta. A China, onde teria surgido o novo coronavírus, registrou 4.637 mortes pela Covid-19, segundo a Universidade Johns Hopkins, nos EUA, que monitora a pandemia.

 
A primeira morte provocada pelo novo coronavírus ocorreu na China e foi confirmada em 11 de janeiro. No Brasil, o primeiro óbito pela Covid-19 aconteceu em 17 de março. De lá para cá, por conta do descaso oficial, as mortes cresceram de forma exponencial, sem que o Estado estivesse preparado para tal. Mesmo assim, o governo continua despejando sobre a opinião pública falácias sem fim.

No tocante ao número de casos confirmados, o Brasil ocupa o 11º lugar no ranking de países, com 71.886, atrás da ainda atrás da China, que tem 83.938. Considerando que a subnotificação no País faz com que o número real de casos seja muito maior do que o anunciado oficialmente, o Brasil deve ter atualmente entre 700 mil e 800 mil casos de Covid-19. De igual modo, o número de mortes pela doença também é maior.

A tragédia que o Brasil vive hoje é fruto do desvario de um presidente da República que não aceita ser contrariado e atenta contra o bom-senso e a vida da população ao sair às ruas e afirmar que ora a Covid-19 é uma fraude, ora é uma “gripezinha”, não sem antes fazer da pandemia um ringue político para garantir seu projeto de reeleição.

Em relação à forma debochada como Bolsonaro trata a escalada do número de mortes no País, o brasileiro não deve esperar nada diferente de um governante incompetente e populista que flerta diuturnamente com a delinquência intelectual, o retrocesso e o obscurantismo. Que as autoridades, dentro dos limites da lei, coloquem o presidente da República em seu devido lugar, antes que seja tarde demais. Se for o caso, que lhe apontem o caminho de casa, porque ditadores não passarão.