A visita fora da agenda que Jair Bolsonaro, acompanhado de ministros e empresários, fez ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, nesta quinta-feira (7) foi um misto de populismo barato com irresponsabilidade desmedida em termos de governança. Um presidente da República que em meio a grave pandemia vai a uma reunião emoldurado por um séquito de sabujos, mesmo que usando máscaras de proteção, é um genocida em potencial.
Bolsonaro, que não está preocupado em salvar vidas, mas, sim, com seu projeto da reeleição, disse a Dias Toffoli que o Supremo precisava ouvir o relato dos empresários a respeito do que vem ocorrendo na economia em razão da paralisação provocada pela crise de Covid-19, que afetou todo o planeta. Os empresários estão interessados em salvar seus respectivos negócios, não a vida dos mais necessitados, as vítimas potenciais do momento da pandemia. Na verdade, deveriam cobrar de Bolsonaro mais coragem e ousadia para, aumentando a dívida do Estado, despejar recursos na economia. Até porque, de uma maneira ou de outra a conta acabará no bolso do contribuinte.
O presidente da República, que insiste na reabertura do comércio e de outros estabelecimentos, quer a todo custo impor à população o risco de contrair o coronavírus sem que o sistema público de saúde esteja preparado para atendimento em massa. Sem até o momento ter apresentado os resultados dos exames que realizou para saber se foi infectado pelo novo coronavírus, Bolsonaro sequer deveria ter ido ao Supremo, que tem realizado sessões plenárias virtuais para evitar o contágio.
Durante o encontro, Bolsonaro afirmou ao presidente da Suprema Corte que baixará novo decreto ampliando a lista de atividades essenciais, o que de chofre derruba os esforços de governadores e prefeitos para conter o avanço da pandemia. Com essa decisão, o presidente da República dificulta ainda mais a adoção de medidas de contenção do novo coronavírus, que oficialmente já deixou mais de 8 mil morto no País.
O problema de Bolsonaro, além de sua devastadora ignorância, é a necessidade diuturna de criar factoides para estar no noticiário e, ato contínuo, provocar a reação de adversários políticos, em especial dos seus possíveis concorrentes na eleição presidencial de 2022. Com essa estratégia pífia e rasteira, típica de incompetentes, Bolsonaro tenta manter unida, a reboque da vitimização, sua horda de apoiadores, sempre insanos e truculentos. É importante ressaltar que Benito Mussolini agia da mesma maneira e acabou da maneira como todos conhecem.
É preciso que os dois outros Poderes imponham limites a Jair Bolsonaro, sempre respeitando a Constituição, pois o presidente da República, ao ser eleito, não recebe carta branca para fazer o que bem entender, ultrapassando a todo instante as fronteiras da legislação vigente no País. Enquanto isso não acontecer, a economia brasileira continuará capenga, já que investidores, nacionais ou internacionais, buscam, além de boas oportunidades, segurança jurídica e institucional.
Além disso, Dias Toffoli precisa compreender que seu papel é de presidente de um Poder, no caso o Judiciário, que tem o papel de agente moderador, não de capacho de um governante tresloucado que flerta com o retrocesso e o autoritarismo. Que assim seja!