Churrasco cancelado: além de abusar da irresponsabilidade genocida, Bolsonaro é covarde e mitômano

 
É inaceitável a forma como o presidente Jair Bolsonaro se comporta e tenta governar um país mergulhado na gravíssima crise provocada pelo novo coronavírus. Na verdade, se antes da pandemia Bolsonaro era considerado um fiasco em termos de governança, depois do surgimento do SARS CoV-2 a situação piorou a ponto de sua interdição ser algo extremamente necessário.

Depois de anunciar, com o conhecido ar de deboche, que realizaria neste sábado (9), no Palácio da Alvorada, para trinta convidados, Bolsonaro desistiu cancelou o evento, talvez por pressão de assessores, que o alertaram sobre a inconveniência do encontro, principalmente no dia em que o Brasil alcançará a trágica marca de 10 mil mortos pela Covid-19. E o evento ganhou nas redes sociais o nome de “Churrasco da Morte”.

Que Jair Bolsonaro nunca teve bom-senso e respeito à vida alheia sua própria trajetória está aí para provar, mas mudar o discurso, alegando que tudo não passou de mera provocação, e culpar a imprensa por mais uma sandice é no mínimo demonstração de covardia.

Quando anunciou “o churrasco no sábado aqui em casa”, o presidente disse ter convidado um de seus ministros, que ficou viúvo dias atrás. Com semblante sério, ele comentou então que o auxiliar traria o filho, mas que o garoto não deveria olhar para Laura, sua filha de 9 anos, para o “bicho não pegar”. Ou seja, Bolsonaro sequer respeita o luto alheio.

 
“E vamo bater um papo aqui, quem sabe bater uma peladinha, alguns ministros, alguns servidores mais humildes que estão do meu lado, tá ok?”, disse o lunático presidente da República, afirmando que se coloca no lugar do ministro viúvo, que “com toda a certeza” tem nele um amigo “para esse momento também difícil”.

Por volta das 11 horas deste sábado, Bolsonaro publicou em sua conta no Facebook um trecho do vídeo em que aborda a realização do churrasco e escreveu que o evento que ele mesmo anunciou publicamente é “fake” (falso). É importante ressaltar que o churrasco aconteceria não fosse a pressão da opinião pública, que levou o presidente a demonstrar sua covardia ao afirmar que o anúncio sobre o evento era falso.

Bolsonaro aproveitou a publicação na rede social para criticar o Movimento Brasil Livre (MBL), que ingressou com ação na Justiça para tentar impedir a realização do churrasco. “Alguns jornalistas idiotas criticaram o churrasco FAKE, mas o MBL se superou, entrou com AÇÃO NA JUSTIÇA”, escreveu.

Quando situações complexas se transformam em ameaças ao governo e ao próprio mandato presidencial, Bolsonaro recua, não sem antes se mostrar um covarde contumaz que vilipendia a dor dos brasileiros enlutados e escancara com frequência sua irresponsabilidade genocida.