Declaração de Paulo Marinho sobre vazamento de informações da PF complica situação de Bolsonaro

 
Piora com o passar do tempo a situação do presidente Jair Bolsonaro no âmbito da tentativa de interferência na Polícia Federal, assunto que ganhou contornos explosivos na esteira das acusações feitas pelo então ministro Sérgio (Justiça).

No domingo (17), em entrevista à jornalista Monica Bergamo, da “Folha de S.Paulo”, o empresário Paulo Marinho afirmou que Bolsonaro recebeu de integrantes da PF, com antecedência, informações sobre a Operação Furna da Onça, que escancarou ao País as malfadadas “rachadinhas”, esquema criminoso que teve como protagonistas o senador Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz.

Com as revelações feitas por Paulo Marinho, a Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o empresário carioca seja ouvido no escopo do inquérito que tem o ministro Celso de Mello como relator.

Marinho disse ter provas de que o presidente da República recebeu informações privilegiadas da PF sobre a operação que promoveu uma devassa na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Além disso, o empresário afirmou que à PF, quando chamado para depor, repetirá tudo o que declarou à Folha.

 
Esse capítulo adicional da epopeia envolvendo Bolsonaro e sua obsessão em obter informações sigilosas da PF pode colocar o presidente da República em um cenário de extrema dificuldade, já que uma vez comprovada essa incursão ilegal na corporação o caso é de crime comum, o que pode culminar com seu afastamento do cargo.

Não por acaso, o presidente vem acelerando as negociações com o Centrão, que em troca de apoio no Congresso Nacional, especialmente na Câmara dos Deputados, vem cobrando cada vez mais cargos na estrutura do governo federal.

Flávio Bolsonaro, por sua vez, nega que tenha recebido qualquer informação privilegiada da e parte para o contra-ataque, na tentativa de desqualificar as acusações feitas pelo empresário, que é primeiro suplente do senador pelo Rio de Janeiro. Apesar disso, Flávio precisa explicar a decisão repentina de exonerar Fabrício Queiroz, à época lotado no seu gabinete na Alerj, assim como a de Nathália Melo de Queiroz, então secretária parlamentar de Jair Bolsonaro. As demissões ocorreram após Bolsonaro receber as informações privilegiadas da PF.

Em nota, o senador fluminense ataca o empresário Paulo Marinho, a quem acusa de ter trocado a família do presidente pelos governadores João Dória Júnior (SP) e Wilson Witzel (RJ). Flávio credita o ataque de Marinho à proximidade das eleições municipais.

“O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Dória e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado. Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos”, destaca a nota divulgada pela assessoria de Flávio Bolsonaro.