Bolsonaro faz piada com a cloroquina no dia em que o Brasil registra quase 1,2 mil mortes por Covid-19

 
Que Jair Bolsonaro abusa da delinquência intelectual para criar polêmica e, ato contínuo, ganhar espaço na imprensa todo brasileiro minimamente inteligente já percebeu. Mesmo assim, algumas declarações do presidente são repugnantes, em especial as que envolvem a pandemia do novo coronavírus, que já deixou mais de 320 mil mortos ao redor do planeta, sem contar os óbitos sem causa mortis.

Nesta terça-feira (19), dia em que o Brasil alcançou a incrível e assustadora marca de 1.179 mortos pela Covid-19 em apenas 24 horas, Bolsonaro conseguiu ser insensível e fazer piada com a cloroquina, medicamento que não tem eficácia comprovada no combate ao novo coronavírus.

Em entrevista ao jornalista Magno Martins, o presidente abusou do deboche ao tratar da polêmica envolvendo a cloroquina, cujo uso não é recomendado pelos especialistas em saúde por causa dos efeitos colaterais, como arritmia cardíaca, que pode levar a óbito, e problemas de visão. “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína”, repetiu Bolsonaro enquanto fazia piada com o tema.

O presidente da República, que usa assuntos aleatórios para falar de democracia, disse que o novo protocolo para a cloroquina e a hidroxicloroquina dará ao paciente a liberdade de usar o medicamento, caso julgue necessário. “O que é a democracia? Você não quer? Você não faz. Você não é obrigado a tomar cloroquina, agora, quem quiser tomar que tome”, disse.

 
O uso da cloroquina – droga ministrada para tratamento de artrite reumatoide, lúpus e malária – já estava liberado para pacientes em estado grave, desde que o medicamento fosse ministrado em ambiente hospitalar. Mesmo assim, o Ministério da Saúde, até então, não recomendava o uso da cloroquina como parte do tratamento da Covid-19, que, é importante ressaltar, precisa ser acompanhada de outro droga, a azitromicina.

Obcecado pela ideia de fazer da cloroquina a tábua de salvação dos contaminados pelo vírus SARS CoV-2, apesar de todas as recomendações contrárias ao uso do medicamento, Bolsonaro solicitou ao ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, mudança no protocolo do medicamento, que poderá ser usado em casos leves da Covid-19.

Os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ambos médicos, se recusaram a modificar o protocolo de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em razão dos graves efeitos colaterais.

Voltando à Tubaína… Bolsonaro continua fazendo da pandemia do novo coronavírus um palco para disputas políticas visando a corrida presidencial de 2022, como se a vida humana nada valesse. Ao recorrer à galhofa no momento em que o Brasil registra quase 18 mil mortos em decorrência da Covid-19, o presidente mostra ao País e ao planeta que sua irresponsabilidade genocida não tem limites e que a permanência no cargo representa um atentado à democracia.