Operação da PF contra aliados de Bolsonaro inicia desmonte do aparato do governo contra a democracia

 
No âmbito do inquérito que investiga atos antidemocráticos, a Polícia Federal (PF) realizou nesta terça-feira (16) operação de busca e apreensão contra mais de duas dezenas de alvos, incluindo aliados do presidente Jair Bolsonaro.

A operação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso envolvendo atos que lançaram ameaças ao Congresso Nacional e ao próprio STF, defendendo o fechamento das instituições.

Foram emitidos 21 mandados contra alvos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no Distrito Federal. De acordo com os investigadores, a operação tem o objetivo de levantar provas sobre a organização dos protestos e as fontes dos recursos que financiam os grupos por trás dos atos.

Entre os alcançados pela operação está o empresário Luís Belmonte, um dos principais financiadores do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro pretende criar, mas ainda não foi formalizado. Belmonte é o primeiro suplente do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e proprietário de um time de futebol em Brasília.

Também foi alvo da operação o publicitário Sérgio Lima, outro envolvido na criação do Aliança pelo Brasil. Ele teria sido o criador do logotipo, do portal de internet e do aplicativo para coletar assinaturas para a criação da legenda.

O deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) também foi alvo de mandado de busca e apreensão. Em 2018, juntamente com o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), Silveira quebrou uma placa em homenagem da vereadora Marielle Franco durante comício de Wilson Witzel, à época, candidato a governador do Rio de Janeiro. Entre os demais estão os blogueiros bolsonaristas Allan dos Santos, do site “Terça Livre”, e Alberto Silva, do canal “Giro de Notícias”, além do youtuber Ravox Brasil.

 
Na segunda-feira (15), a Polícia Federal deflagrou operação, no âmbito do mesmo inquérito, contra membros de movimentos antidemocráticos e cumpriu seis mandados de prisão, após autorização do STF. Líder do movimento de extrema direita “300 do Brasil”, Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, foi presa temporariamente e encontra-se detida na Superintendência da PF em Brasília.

Giromini é uma das organizadoras do acampamento na Esplanada dos Ministérios que reuniu militantes a favor do governo Bolsonaro desde o início de maio, mas que acabou sendo desmantelado no último sábado por ordem do governo do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), com a ação de policiais militares. Os integrantes do grupo admitiram que havia armas no local.

Após bolsonaristas simularem bombardeio ao STF com fogos de artifício na noite do último sábado (13), Ibaneis demitiu o subcomandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, Sérgio Luiz Ferreira de Souza. A demissão foi publicada em edição extra do Diário Oficial do DF no domingo (14).

A falta de ação da PM do DF no caso dos fogos de artifício direcionados à sede do Supremo teria sido orquestrada entre o serviço de inteligência da corporação policial e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), comandado pelo general da reserva Augusto Heleno, que no último dia 7 de junho participou de ato a favor de Bolsonaro e alegou que apenas foi ao local para cumprimentar os integrantes das forças de segurança.

Como na política inexiste coincidência, o movimento de Heleno é um indício que a “milicianização” das Polícias Militares, assunto já tratado pelo UCHO.INFO, precisa ser contido com urgência, antes que o País mergulhe no oceano do retrocesso e do obscurantismo. (Com agências de notícias)