Com operação da PF contra bolsonaristas, demissão de Weintraub é adiada para manter o radicalismo

 
Anunciada na segunda-feira (15) como quase impossível, a permanência de Abraham Weintraub à frente do Ministério da Educação ganhou sobrevida, mesmo que a incerteza paire sobre a linha do tempo.

Classificada como “problema” pelo presidente Jair Bolsonaro, a situação de Weintraub acabou beneficiada pela Operação Luma, da Polícia Federal, deflagrada nesta terça-feira (16) para cumprimento de mandados de busca e apreensão contra bolsonaristas.

A relação entre a operação policial e a permanência de Weintraub no governo está no fato de que é uma voz alinhada com o bolsonarismo e contra o Legislativo e o Judiciário, em especial contra o Supremo Tribunal federal (STF), cujos integrantes foram chamados de “vagabundos” pelo ainda ministro da Educação.

A sua permanência no cargo passou a ser defendida nas últimas horas pela ideológica do governo e pelos filhos do presidente da República, que alimentam o discurso de ódio e incentivam a ruptura democrática.

 
Com o cerco se fechando cada vez mais no entorno do presidente Bolsonaro, a saída para o presidente é radicalizar o discurso, mesmo que isso ocorra através de terceiros, como é o caso de Abraham Weintraub, que até agora nada fez em prol da educação brasileira.

Mantendo o discurso beligerante e antidemocrático, Weintraub continua no governo porque, além da própria verborragia, é próximo de Jair Bolsonaro. A demissão do ministro só retornará ao radar palaciano quando o próprio Abraham Weintraub representar uma ameaça ao presidente da República nas redes sociais, ou seja, no momento em que começar a fazer sombra ao chefe do Executivo.

Por outro lado, Bolsonaro pode estar se aproveitando do fato de o ministro da Educação continuar no governo para criar mais um factoide que sirva para impulsionar sua horda de apoiadores Isso porque é grande a possibilidade de Weintraub ser preso no âmbito de um dos dois inquéritos (fake news e racismo) de que é alvo e tramitam no STF. Tanto é assim, que no primeiro momento Bolsonaro pensou em realocar o ministro da Educação em alguma representação diplomática do Brasil no exterior, o que em tese dificultaria o cumprimento de um mandado de prisão.

Outro motivo para a permanência de Weintraub no governo é a decisão do STF de manter o ministro da Educação no inquérito que apura a disseminação de notícias e falsas e ataques aos integrantes da Corte e seus familiares. A não demissão do ministro permitiria à ala ideológica do governo acirrar o embate com o Supremo, até o momento em que prisões começarem a ser decretadas. A partir desse ponto o Palácio do Planalto entenderá como funciona a democracia.