O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu por unanimidade, na noite desta quarta-feira (17), reduzir em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juro (Selic), que passou de 3,00% ao ano para 2,25%. Trata-se da oitava redução consecutiva da Selic, após de 16 meses seguidos de estabilidade.
Com a recente decisão do Copom, a Selic alcança novo piso da série histórica do Comitê, iniciada em junho de 1996. Em razão do corte desta quarta-feira, o Brasil registra juro real negativo (-0,78% ao ano), já descontada a inflação, 14º taxa real mais baixa em todo o planeta, considerando as 40 economias mais importantes.
Analistas do mercado financeiro aguardavam esse corte na Selic, uma vez que a pandemia do novo coronavírus empurrou para baixo a atividade econômica nacional, a exemplo do que aconteceu em todos os países afetados duramente pela Covid-19.
A decisão do Comitê foi tomada com o objetivo de estimular a economia brasileira, mas não é garantido que essa retomada acontecerá na esteira da redução da Selic. Isso porque o governo do presidente Jair Bolsonaro ainda não sinalizou ao mercado capacidade de promover políticas econômicas capazes de impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB), além de estar devendo duas importantes reformas: tributária e administrativa.
Esse cenário mostra que o ministro da Economia, Paulo Guedes, desde que chegou ao posto abusou da retórica fácil e mirabolante, sem ao menos ter adotado alguma medida que pudesse beneficiar os mais pobres.
Beira o impensável falar em retomada da economia em um país cuja maioria da população (dois terços) recebe menos de dois salários mínimos mensais. Além disso, os efeitos colaterais da Covid-19 no mercado de trabalho tendem a piorar o quadro atual.
A grande questão é que o governo Bolsonaro não consegue enxergar a necessidade de transferir recursos aos cidadãos em meio à pandemia, pois os palacianos entendem esse aporte como gasto, quando na verdade é um investimento que dará retorno mais adiante. Ademais, se o investimento em questão não render o esperado, pelo menos evitará a paralisia da economia, que caminha na direção de uma recessão econômica.
Durante a reunião que definiu a nova taxa Selic, o Copom atualizou as projeções para a inflação. No cenário com câmbio fixo e taxas de juro praticadas pelo mercado financeiro, o Comitê recalculou o IPCA de 2020 de 2,4% para 2,00%. Em relação a 2021, a expectativa de inflação passou de 3,4% para 3,2%. Para o corrente ano, a meta de inflação é de 4,00%, com margem de oscilação de 1,5 percentual; para o ano seguinte é de 3,75%, com a mesma margem.