Cotado para assumir a Educação, Renato Feder esbanja sabujice ao diz que Bolsonaro é “um estadista”

 
O poder é inebriante, ao mesmo tempo é ilusório e traiçoeiro, a depender com que se divide esse objeto do desejo de nove entre dez políticos. Para chegar a um posto de ministro de Estado há quem faça o impossível, desde contrariar o próprio pensamento até atentar contra a lógica dos fatos e dos acontecimentos.

Cotado para assumir o Ministério da Educação, que está sem comando desde a demissão do descontrolado Abraham Weintraub, o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, reuniu-se nesta terça-feira (23), em Brasília, com o presidente Jair Bolsonaro, mas deixou o Palácio do Planalto sem qualquer sinalização de que integrará o governo.

Empresário do ramo de tecnologia, Feder disse, após o encontro, que o presidente da República espera do próximo ministro da pasta apoio aos governos estaduais e municipais para incentivar o uso da tecnologia na educação à distância e a retomada das aulas presenciais em todo o País.

É impossível afirmar que Renato Federal concordou com as exigências de Bolsonaro, mas qualquer pessoa minimamente esclarecida teria rebatido o presidente em suas demandas, pois ensino à distância depende, inclusive, de melhor distribuição de renda, acesso à internet e preparação dos setores docente e discente. Ou seja, não é uma brincadeira como sugeriu o presidente da República, que continua ignorando a realidade dos desvalidos.

 
Em relação à retomada das aulas presenciais, Feder deveria ter respondido ao presidente que tal processo só será possível quando o País estiver em curva descendente da pandemia de Covid-19. Até lá, qualquer medida de incentivo à retomada das aulas deve ser interpretada como convite ao suicídio. Até porque, Bolsonaro não abre mão de tratar com irresponsabilidade genocida a pandemia do novo coronavírus.

Contudo, causou surpresa o fato de Feder ter afirmado que Jair Bolsonaro é “um estadista”. A declaração foi dada ao jornal “O Globo”. Quem vê Bolsonaro como “estadista” não está preparado para comandar as políticas educacionais em qualquer parte do planeta.

É verdade que no atual governo a sabujice é ingrediente que ajuda quem pretende um cargo na máquina federal, mas se o próprio Bolsonaro admitiu que a imagem do Brasil no exterior não é das melhores, pelo contrário, esse cenário decorre da postura pífia e populista de um governante que acredita ser a derradeira salvação do universo. Não obstante, não é postura de estadista ajudar um ministro de Estado demissionário a “fugir” da Justiça, episódio reforçado com fraude no ato de exoneração.

Além disso, Bolsonaro fala em democracia como se a massa pensante acreditasse nas suas falaciosas declarações. Não é porque um totalitarista vende à massa incauta a ideia de que a solução está na seara do radicalismo que esse modelo deve ser considerado democracia. O que Jair Bolsonaro defende como solução para os muitos problemas nacionais é eliminar os adversários políticos e ideológicos. E tal conduta remete ao fascismo, gostem ou não os palacianos.

Sendo assim, uma pessoa que classifica um governante fascistoide como “estadista” não pode assumir o Ministério da Educação, talvez nenhum cargo no governo. Porém, se Renato Feder, que tem o apoio dos bolsonaristas e do generalato palaciano, for indicado ministro como forma de reforçar a claque presidencial, talvez seja a pessoa certa no cargo certo. Do contrário, que fique onde está.