O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (22) o congelamento da emissão de novos vistos dos tipos H-1B, H-2B, H-4, L-1 e J-1 até o fim de 2020, o que pode impedir a entrada de mais de 240 mil estrangeiros no país.
Além dessa decisão, o governo do presidente Donald Trump estendeu a suspensão da emissão de novas autorizações de residência permanente emitidas no exterior – o chamado “green card” – até 2021.
“Como parte de nossos esforços para recuperar os ‘EUA em primeiro lugar’, o presidente decidiu suspender certos tipos de vistos até o final deste ano”, disse um alto funcionário do governo norte-americano em conferência com jornalistas organizada pela Casa Branca.
De acordo com o governo Trump, a decisão tem como objetivo “maximizar as oportunidades para os trabalhadores americanos de encontrar emprego”. No momento, o índice de desemprego no país é de 13,3%.
A Casa Branca argumentou que há companhias nos EUA, como a Disney e a operadora de telecomunicações AT&T, entre outras, que utilizam um mecanismo de contratação de funcionários estrangeiros que limitam as possibilidades de trabalho para americanos.
Trata-se de uma estratégia de campanha para Donald Trump recuperar as chances de um novo mandato. Como a maioria dos cidadãos americanos decidiram se rebelar contra o atual presidente em meio aos protestos antirracistas, que surgiram na esteira do covarde assassinato de George Floyd, a saída para Trump foi recorrer ao populismo barato, marca registrada de sua administração. Além disso, o número de desempregados nos EUA em virtude da pandemia do novo coronavírus levou o presidente a adotar tal medida que é meramente “cosmética” e agrada seu eleitorado.
A medida faz parte da decisão tomada por Trump em abril de suspender a emissão de permissões de residência permanente para imigrantes. No início, a medida valia por 60 dias, mas agora foi estendida até o fim do ano. À época, o governo chegou a considerar banir temporariamente a entrada de trabalhadores temporários, mas recuou diante da pressão de alguns setores da economia. No entanto, esse recuou foi revertido hoje.
Entre os vistos afetados estão o H-1B, direcionado a trabalhadores qualificados, como os da indústria de tecnologia; o H-4, para companheiros desses funcionários; e o L-1, destinado a diretores que trabalham para grandes corporações.
A permissão H-2B, para trabalhadores dos setores de hotelaria e construção, e a J-1, para pesquisadores e outros programas de intercâmbio de trabalho, também foram paralisados até janeiro. Em princípio, a medida não afetará os estrangeiros que já estão no território americano.
No ano fiscal de 2019, os Estados Unidos concederam o visto H-1B a cerca de 130 mil trabalhadores, o L-1 para 12 mil, e o H-2B para mais de 98 mil. (Com agências internacionais)
