Associação de funcionários do Banco Mundial pede suspensão da indicação de Abraham Weintraub

 
Se a “escapada” de Abraham Weintraub para os Estados Unidos ainda exige explicações tanto do ex-ministro da Educação quanto do presidente da República, Jair Bolsonaro, coadjuvante no “passa-moleque” aplicado na Casa Branca, agora o governo brasileiro enfrenta mais um vexame no escopo do imbróglio.

Indicado para ocupar uma diretoria do Banco Mundial, em Washington, prêmio de consolação por suas incontáveis patacoadas como ministro, Weintraub corre o risco de assumir o cargo. Isso porque, nesta quarta-feira (24), a Associação de Funcionários do Banco Mundial (WBG Staff Association) enviou carta ao Conselho de Ética do órgão contendo duras críticas a Weintraub. A Associação pede que a nomeação do ex-ministro brasileiros seja reavaliada.

No documento, os funcionários do Banco Mundial pedem que sejam apuradas as declarações racistas de Abraham Weintraub envolvendo a China, cujo processo tramitava no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi enviado à primeira instância pelo fato de o ex-ministro não mais gozar de foro especial por prerrogativa de função.

“Solicitamos formalmente ao conselho de ética que reveja os fatos por trás dessas múltiplas alegações, com intenção de (a) colocar sua indicação em espera até que essas alegações possam ser revisadas e (b) garantir que o Sr. Weintraub seja avisado de que o tipo de comportamento pelo qual ele é acusado é totalmente inaceitável nesta instituição”, destaca a carta.

Weintraub foi indicado à vaga de diretor-executivo no grupo do Brasil, mas precisa ser eleito pelos outros países-membros: Colômbia, Equador, Haiti, Panamá, Suriname, República Dominicana, Filipinas e Trinidad & Tobago. O processo de eleição é exigência do Banco Mundial, mas o Brasil lidera o mencionado grupo.

 
O processo de eleição e formalização da indicação é seguido por questões burocráticas e pode levar até um mês para ser concluído. Se eleito, Weintraub exercerá o mandato que se encerra em 31 de outubro próximo, ocasião em que precisará ser indicado novamente para seguir no cargo.

“O Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do Conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o Comitê de Ética compartilhe dessa visão e faremos tudo ao alcance para aplicá-lá”, afirma a associação de funcionários”, enfatiza a carta.

O documento também ressalta que “de acordo com múltiplas fontes, o senhor Weintraub publicou um tuíte de carga racial, ridicularizando o sotaque chinês e culpando a China pela covid-19, e acusando os chineses de ‘dominação mundial’; levando a Suprema Corte a abrir uma investigação por crime de racismo”.

“Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o conselho de ética compartilhe dessa visão e faremos tudo ao alcance para aplicá-la”, completa a missiva enviada por e-mail.

A indicação de Weintraub para o cargo é mais uma bizarrice com a chancela do Palácio do Planalto, pois trata-se de querer instalar um crítico feroz do globalismo no Banco Mundial, que, é importante lembrar, defende políticas sociais das mais distintas nações, assunto quase proibido no governo de Jair Bolsonaro.