Posse do novo ministro da Educação é adiada pelo Palácio do Planalto após universidades negarem títulos

 
Ponto fulcral de qualquer governo ao redor do planeta, a pasta da Educação na gestão Bolsonaro continua sendo palco de balburdias. Não bastasse a controversa, polêmica e descabida passagem de Abraham Weintraub pelo Ministério da Educação, agora o País se depara com um indicado cujo currículo vem sendo alvo de contestações por diversas e renomadas instituições de ensino.

Indicado ao cargo pelo presidente da República e com a nomeação publicada no Diário Oficial da União, o novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli da Silva, está no centro de um imbróglio que envolve informações improcedentes em seu currículo e declarações de universidades colocando sob suspeita títulos de doutorado, pós-doutorado e mestrado.

Decotelli incluiu em seu currículo informações como doutorado pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, mestrado pela Fundação getulio Vargas, no Rio de Janeiro, e pós-doutorado pela Bergische Universität Wuppertal, na Alemanha.

Após a Universidade de Rosário afirmar que a tese de doutorado de Decotelli ter sido rejeitada, o novo ministro alterou seu currículo. Na sequência, a FGV anunciou que investigará suposto plágio na tese de mestrado do titular da Educação. Sobre a possibilidade de plágio, Decotelli informou por meio da assessoria do ministério que tal questão é decorrente de falha técnica.

 
Apesar da justificativa, permanece a suspeita de que Carlos Alberto Decotelli tenha inserido no trabalho acadêmico trechos de relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A tese de mestrado de Dacotelli foi colocada sob suspeita após o economista Thomas Conti apontar, em sua conta no Twitter, possíveis indícios de cópia.

O pós-doutorado pela Universidade de Wuppertal também passou a ser questionada, após a instituição acadêmica alemã fornecer informações discrepantes em relação às que constam no currículo de Decotelli.

Por conta da enorme polêmica que se formou no entorno da nomeação de Carlos Alberto Decotelli, a posse do novo ministro, maraca inicialmente para terça-feira (30), foi suspensa pelo Palácio do Planalto. A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) negou que a cerimônia estivesse agendada.

Na Frente Parlamentar Mista de Educação, no Congresso Nacional, o assunto também despertou a desconfiança de senadores e deputados federais. Secretário-geral do da Frente, o deputado Israel Batista (PV-DF) considera grave o fato de o ministro ter sido desmentido por duas universidades internacionais e respeitadas. “Tem um simbolismo muito grande ele ter sido desmentido por duas universidades estrangeiras e ainda tem problemas no mestrado”, disse Batista.

No Palácio do Planalto, a ala militar do governo vê com preocupação o caso que colocou Carlos Alberto Decotelli em situação de constrangimento. Para os militares palacianos, que brigaram nos bastidores para garantir a indicação, temem que o imbróglio dê forças ao grupo “olavista” para indicar um nome com o mesmo perfil de Weintraub.