Bolsonaro mentiu na Cúpula do Mercosul ao dizer que atua para “desfazer opiniões distorcidas” sobre o País

 
Tão logo assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro, impulsionado pela sandice da ala ideológica, disse que retiraria o Brasil dos acordos ambientais globais, pois era preciso rever as condições que comprometiam o desenvolvimento do País.

À época, o presidente afirmou na ocasião que nações estrangeiras pretendiam se apoderar da Amazônia, que, na opinião dele, pertence ao Brasil. Na verdade, a Amazônia é um patrimônio da humanidade e sua extensão territorial se espalha não apenas pelo Brasil, que concentra 60% da área, mas por Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.

Como sempre afirma o UCHO.INFO, Bolsonaro é dono de conhecida incompetência e desprovido estofo para ocupar cargo de tamanha relevância e responsabilidade, por isso faz declarações estapafúrdias que passam ao largo do bom-senso e da coerência, ou seja, centradas no achismo. Sem perceber o potencial destruidor de suas afirmações, o presidente acabou incentivando o desmatamento e as queimadas em importantes reservas ambientais, como se isso não pudesse refletir na economia.

O tempo passou e a comunidade internacional fechou o cerco em torno do Brasil, exigindo do governo providências claras e efetivas para combater incêndios, derrubada de árvores e garimpo ilegal, principalmente em terras indígenas. A pasmaceira do governo em relação às medidas levou a União Europeia a colocar na fila de espera o acordo do bloco com o Mercosul.

Nesta quinta-feira (2), demonstrando preocupação com a imagem do Brasil na esfera internacional, Bolsonaro disse, durante participação em encontro virtual da cúpula do Mercosul, que seu governo trabalha para “desfazer opiniões distorcidas” sobre o País e detalhar as medidas adotadas na área ambiental.

 
“Nosso governo dará prosseguimento ao diálogo com diferentes interlocutores para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor as ações que temos tomado em favor da floresta amazônica e do bem-estar das populações indígenas”, declarou Bolsonaro.

O presidente tem o direito de falar o que bem entender, mas não pode ludibriar a comunidade internacional com discurso falacioso e evasivo. O governo não tem adotado medidas para conter crimes ambientais.

Na fatídica reunião ministerial de 22 de abril, o ministro do Meia Ambiente, Ricardo Salles, disse que o governo deveria aproveitar o período da pandemia, em que a imprensa está focada na crise de Covid-19, para “passar a boiada”, sugerindo que o período é propício para adotar medidas contrárias à defesa ambiental.

Além disso, Bolsonaro não pode ignorar o fato de que apenas em junho a região amazônica registrou 2,248 focos de incêndio, o maior número em 13 anos. Para piorar, em 2019 o desmatamento na Amazônia passou de 10 mil quilômetros quadrados, ou seja, uma barbárie contra a natureza.

Não obstante, a Amazônia tem 23% de suas terras públicas não designadas, equivalente a dois estados do Rio de Janeiro, registradas ilegalmente como propriedades privadas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que mostra a dimensão da grilagem. Esses dados constam de estudo publicado em junho na revista científica “Land Use Policy”.