Em encontro com Mourão, investidores não se comprometem com financiamento de projetos ambientais

 
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e o ainda ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acreditaram que com conversa fiada convenceriam os investidores internacionais a despejarem recursos na Amazônia, como forma de proteger o bioma nacional. Além de Salles e Mourão, participaram do encontro virtual com investidores estrangeiros o chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Do lado dos investidores, participaram representantes de dez grandes instituições financeiras: Storebrand, BlueBay, NN Investment, Robeco, KLP, SEB, AP2, Legal and General Investment Management, Nordea e Sumitomo Mitsui.

Mourão pediu aos investidores que financiem projetos ambientais no Brasil, em especial na região amazônica, mas recebeu como resposta que antes de tudo é preciso que o governo mostre resultados efetivos no combate ao desmatamento da Amazônia. Em suma, por enquanto não haverá investimento.

“Em nenhum momento eles se comprometeram com alguma política dessa natureza. Eles querem ver resultados, e qual é o resultado que nós podemos apresentar? É que haja efetivamente uma redução do desmatamento”, disse Mourão.

Entre os projetos apresentados pelo vice-presidente aos investidores internacionais constavam alguns financiados através do Fundo da Amazônia – “Floresta Mais” e “Adote um Parque”. Outros cem parques nacionais, ou mais, serão ofertados para empresas privadas interessadas na manutenção e conservação desses espaços.

Desde o início do atrapalhado e inepto governo de Jair Bolsonaro, o UCHO.INFO afirma que a irresponsável decisão do presidente da República de virar as costas às questões ambientais causaria enormes prejuízos ao Brasil, pois produtos nacionais em pouco tempo passaria a ser boicotados no mercado internacional.

 
Nos últimos meses cresceu o número de críticas ao governo Bolsonaro no tocante às questões ambientais, manifestações tanto de investidores estrangeiros quando de empresários brasileiros, todos cobrando a adoção de medidas mais rígidas de proteção à floresta e ao meio ambiente.

Bolsonaro foi eleito à sombra de inúmeros compromissos nada republicanos, entre os quais a flexibilização do combate ao desmatamento e à grilagem de terras, movimentos que ao final acaba beneficiando os grandes latifundiários ligados ao agronegócio. Que ninguém acredite no falso bom-mocismo dos representantes do agronegócio, que alegam preocupação com as questões ambientais, pois grileiros e desmatadores não têm recursos suficientes para financiar a ação criminosa.

Se até então os investidores internacionais preocupados com as questões ambientais no Brasil decidiram manter o cofre fechado por mais algum tempo, os recursos podem não aparecer caso venha à tona o esquema de corrupção que domina o setor da mineração no País. Integrantes da cúpula do governo têm conhecimento do escárnio, mas nada fazem porque é preciso continuar azeitando a máquina de apoio ao Palácio do Planalto no Congresso Nacional.

Além disso, o vice Hamilton Mourão defendeu, durante o encontro virtual com os investidores internacionais, a maior integração dos povos indígenas à sociedade, o que é um atentado étnico, mas não se comprometeu a adotar medidas de combate à mineração ilegal em áreas de preservação.

A fala do vice-presidente confirma o esdrúxulo pensamento que domina o governo Bolsonaro, onde a defesa do meio ambiente como pauta esquerdista. Além disso, o discurso adotado durante o encontro joga por terra a decisão do Palácio do Planalto de contratar uma empresa internacional de relações públicas para melhorar a imagem do Brasil no exterior, em especial nos veículos de comunicação estrangeiros. Em outras palavras, mais dinheiro público pelo ralo.

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