Após dados sobre desmatamento, governo exonera pesquisadora do Inpe responsável por monitorar Amazônia

 
À sombra do maior índice de alerta de desmatamento da Amazônia dos últimos cinco anos, o governo do presidente Jair Bolsonaro exonerou, nesta segunda-feira (13), Lubia Vinhas, pesquisadora responsável pelo trabalho de monitoramento da devastação florestal no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o renomado Inpe.

Vinhas ocupava o cargo de coordenadora-geral de Observação da Terra do Inpe, departamento responsável pelos sistemas Deter e Prodes, que monitoram diuturnamente o desmatamento na floresta amazônica.

A exoneração, que surpreendeu os ambientalistas e defensores da Amazônia, foi publicada na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União (DOU) e assinada pelo ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, pasta à qual o Inpe é vinculado. Até o momento, o motivo da exoneração não foi informado, apesar dos questionamentos feitos ao ministério.

Lubia Vinhas soube da sua exoneração através do DOU, sendo que qualquer explicação sobre a saída de pesquisadora cabe ao diretor do órgão, Darcton Policarpo Damião. Servidora de carreira do Inpe, Vinha continuará no órgão.

Uma das hipóteses aventadas para a exoneração de Lubia Vinhas é o processo de reestruturação do Inpe, que vem sendo implantado em doses homeopáticas desde 2019, quando ocorreu a demissão de Ricardo Galvão em razão de críticas ao presidente da República.

 
Pela mudança proposta, a Coordenação de Observação da Terra, até então um departamento que responde diretamente à direção, passaria a ser subordinado a uma outra coordenação. Na prática, para técnicos do órgão, a coordenação gerida por Lubia deixaria de existir.

No momento em que investidores internacionais cobram do governo brasileiro a adoção de medidas efetivas no combate ao desmatamento como contrapartida ao financiamento de projetos ambientais na Amazônia, a exoneração da pesquisadora acontece três dias após a divulgação de dados que apontam para o aumento do desmatamento na região, apesar da atuação dos militares

Dados coletados pelo sistema Deter, do Inpe, revelam perda de 1.034,4 km² de floresta no mês de junho, crescimento de 10,65% em relação a junho de 2019, quando os alertas apontaram desmate de 934,81 km². Em apenas um mês, foram derrubados na Amazônia o equivalente à área da capital paraense, Belém.

Como vem afirmando o UCHO.INFO desde o início da gestão de Jair Bolsonaro, o descaso com as questões ambientais por parte do governo levará o Brasil a perdas históricas no comércio internacional, em especial quando envolver produtos do agronegócio.

O desmatamento ocorre de maneira acelerada e criminosa por conta do interesse espúrio de empresários do campo, que financiam a derrubada de árvores para, em algum momento, se apoderarem das terras ilegalmente. Até porque, os desmatadores profissionais não têm recursos para financiar uma operação custosa e de logística complexa.

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