Direção do Albert Einstein confirma afastamento de médica que comparou medo da Covid-19 ao Holocausto

 
A direção do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, afastou do seu corpo clínico a médica Nise Yamaguchi, após a oncologista comparar, durante entrevista, o medo da pandemia de Covid-19 ao sentimento das vítimas do Holocausto.

Em entrevista à TV Brasil, em 5 de julho, a médica afirmou: “O medo é prejudicial para tudo (…). Te paralisa, te deixa massa de manobra. Você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela massa de rebanho de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações, tirando deles todas as iniciativas? Quando você tem medo fica submisso a situações terríveis”.

O presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner, confirmou o afastamento da especialista em epidemiologia e oncologia, na tarde do último sábado (11).

“A doutora Nise Yamaguchi teve uma suspensão provisória enquanto o comitê de ética institucional do hospital apurará o que norteou os comentários relativos à comparação da pandemia ao momento do Holocausto, um momento para nós extremamente importante em que 6 milhões de judeus foram mortos. Vários sobreviventes, inclusive, contribuíram para a própria fundação do hospital Albert Einstein”, disse Klajner em entrevista ao SBT.

O dirigente afirmou que “nunca na história do Hospital Israelita Albert Einstein, que completou neste mês de junho 60 anos, houve uma situação igual a esta”.

 
Também em entrevista concedida ao SBT, Yamaguchi confirmou seu afastamento do corpo clínico do hospital, mas alegou que o fato ocorreu decorrência da defesa que faz do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. A médica afirmou que sua fala foi interpretada de forma errônea.

“Recebi uma ligação hoje [sexta-feira] do diretor clínico do hospital me informando que a partir desse momento eu não poderia mais exercer minhas funções no hospital, não poderia prescrever ou atender meus pacientes que já estão internados”, disse a oncologista na sexta-feira (10).

Em nota divulgada por seu advogado no último domingo (12), a médica pediu desculpas e afirmou que “nunca houve qualquer manifestação separatista, racista e/ou xenofóbica de qualquer sorte (…), pois é solidária à dor dessa ilustre comunidade como sendo a maior das atrocidades de nossa história ocidental. Por fim, manifesta o pedido de desculpas por expressões outras e interpretações errôneas sobre assuntos sensíveis ao grande sofrimento judaico que envolveram seu nome.”

Perguntado sobre a interferência da defesa que Yamaguchi faz da hidroxicloroquina na tomada de decisão por parte da direção do hospital, o presidente do Albert Einstein afirmou que em nada interferiu.

Em nota, o hospital afirmou que a médica “estabeleceu analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do Holocausto”.

“Como se trata de manifestação insólita, o hospital viu por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito. Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público.”

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