Pazuello telefona para Gilmar Mendes, mas ministro da Defesa devaneia e invoca Lei de Segurança Nacional

 
O Jair Bolsonaro do “acabou, porra” está adormecido por mera conveniência. Isso porque o presidente da República sabe que está na corda bamba do Judiciário, assim como os filhos, com chance de terem, em breve, sérios problemas, caso o Palácio do Planalto insista em esticar a corda com os outros Poderes, em especial com o STF. Em cena, no melhor estilo farsa oficial, entrou um presidente que tem oscilado entre o silêncio obsequioso e o armistício forçado, como forma de manter em banho-maria um governo pífio e inepto.

Enquanto alguns profissionais da imprensa repercutem a reação da caserna à fala do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou estar o Exército associando-se ao genocídio em que se transformou o combate à pandemia do novo coronavírus por parte do Ministério da Saúde, o número de mortos pela Covid-19 aumenta de maneira assustadora em várias regiões do País, que ocupa o segundo lugar no ranking global de óbitos em razão da doença.

Depois da apropriada decisão de Gilmar Mendes de não se retratar, até porque não houve ofensa alguma ao Exército, apenas constatação da realidade, Bolsonaro pediu ao interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, para que conversasse por telefone com o ministro do Supremo, objetivando baixar a fervura que a pasta da Defesa insiste em manter em ebulição.

O diálogo entre Pazuello e Gilmar foi cordial, segundo relatos, mas não houve por parte do magistrado qualquer pedido de desculpas ou retratação. O ministro da Saúde afirmou que colocará à disposição dados do combate à pandemia para que Gilmar compreenda a dificuldade da guerra contra o coronavírus.

 
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que deveria defender o País, mas saiu em defesa dos militares, representou contra Gilmar Mendes na Procuradoria-Geral da República (PGR) e invocou a Lei de Segurança Nacional e o Código Penal Militar, como se o Brasil ainda vivesse nos tempos da ditadura. Azevedo e Silva, que poderia se preocupar com o genocídio que avança Brasil afora, sugeriu que o ministro do STF seja preso com base em uma lei da era plúmbea.

Pelo que se sabe, as Forças Armadas servem para garantir a democracia, não para desafiá-la e afrontá-la. No momento em que militares decidem sair da caserna para fazer política, devem submeter-se às regras do jogo político, ou seja, aceitar críticas políticas, sejam contundentes ou não.

O ministro da Defesa parece querer que seus companheiros de farda façam política e recorram às Forças Armadas quando forem criticados. Isso, na melhor das hipóteses, é preâmbulo de ameaça de golpe. A grande questão é que os militares, mesmo afirmando que são defensores da democracia e submissos à Constituição, não perderam o ranço de outrora e continuam acreditando que são donos do Brasil.

Na verdade, as Forças Armadas estão a serviço do Brasil, nada além disso. E nessa condição o ministro da Defesa e o vice-presidente da República devem modular o discurso e abandonar ameaças camufladas, porque de golpistas e ditadores os brasileiros estão cansados. Lembrando que Fernando Azevedo e Silva sairá do episódio muito menor do que entrou.

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