Prisão domiciliar de Queiroz aliviou a tensão no Planalto, mas desdobramentos das “rachadinhas” preocupam

 
A decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, de conceder prisão domiciliar a Fabrício Queiroz e a Márcia Aguiar, mulher do operador das “rachadinhas”, proporcionou certo alívio à família Bolsonaro e ao staff do Palácio do Planalto, que temiam uma eventual disposição do ex-assessor parlamentar para acordo de colaboração premiada, mesmo que isso tivesse sido negado pelo investigado.

Se o presidente Jair Bolsonaro e o filho Flávio, senador pelo capítulo fluminense do Republicanos, passaram a ter noites de sono menos agitadas, a insônia pode retornar na esteira dos desdobramentos das investigações sobre o escândalo das malfadadas “rachadinhas”.

O perigo maior, no momento, atende pelo nome de Frederick Wassef, que até recentemente era informalmente advogado de Flávio Bolsonaro e acabou escanteado pela família presidencial depois que Queiroz foi preso em imóvel de sua propriedade em Atibaia, no interior paulista.

No primeiro momento, Wassef negou que tenha escondido o ex-assessor parlamentar, mas em seguida adotou o discurso de que por razões humanitárias hospedou Queiroz em sua casa. Por questões óbvias a alegação não convenceu, mas o cenário pode piorar para o advogado e, ato contínuo, para Jair e Flávio Bolsonaro.

 
O presidente da República não está envolvido diretamente no escândalo das “rachadinhas”, mas até o momento não esclareceu o alegado empréstimo que fez a Queiroz, no valor de R$ 40 mil, assim como continua sem explicação um depósito no valor de R$ 24 mil feito pelo ex-assessor parlamentar na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A situação de Bolsonaro torna-se mais difícil porque Wassef era presença constante nos palácios do Planalto e da Alvorada, além de falar em nome do presidente a todo instante quando o assunto era questões envolvendo a Justiça. Isso sugere que Jair Bolsonaro sabia que Queiroz estava escondido na casa do advogado.

Para piorar, os investigadores descobriram em mensagens trocadas por Queiroz e seus familiares que ele usou um apartamento que a ex-mulher de Wassef, a empresária Mari Cristina Boner, mantém em bairro nobre da capital paulista. Ou seja, o advogado, que por diversas vezes afirmou desconhecer o paradeiro de Queiroz, faltou com a verdade, possivelmente porque a ordem do cliente era esconder durante o maior tempo possível o operador das “rachadinhas”.

Tomando por base que na política não existe espaço para coincidências e os fatos jamais foram obra do acaso, causa estranheza a decisão do governo Bolsonaro de fechar novos contratos no valor de R$ 53 milhões com a empresa fundada por Maria Cristina Boner, a Global Outsourcing, atualmente administrada pela filha da empresária, Bruna Boner Leo. Além disso, a Dataprev suspendeu, em 15 de março de 2019, multa de R$ 27 milhões aplicada a um consórcio de empresas, entre as quais a Globalweb. A sanção foi imposta pela não entrega de um serviço até 2015.

Sem negar que é dona do imóvel utilizada por Fabrício Queiroz, a ex-mulher de Wassef disse que “mora em Brasília, não estava em São Paulo nesta data, desconhece estes fatos e só vai se manifestar após ter acesso aos autos do procedimento por meio de seu advogado”.

É importante salientar que ninguém ocupa o imóvel de alguém sem a autorização ou conhecimento do proprietário. Como Queiroz não é um especialista em invasão de propriedades, há algo desconexo nesse enredo.

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