Vice-presidente da República, Hamilton Mourão afirmou na quarta-feira (15) que, caso necessário, o governo pode manter as Forças Armadas em operação contra o desmatamento e as queimadas na Amazônia até o fim de 2022, quando termina o atual mandato presidencial.
“A operação é uma medida urgente, mas não é um esforço isolado. As ações estão sendo ampliadas para evitar as queimadas durante o verão amazônico, que já começou e se estende até setembro”, afirmou Mourão.
O vice-presidente falava após uma reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal, órgão que coordena diversas ações direcionadas à preservação da floresta e do qual é presidente.
O governo brasileiro prometeu adotar as “medidas possíveis” para conter a desmatamento na região, após pressões de investidores internacionais, que ameaçam retirar apoios financeiros ao País se a destruição da Amazônia não for interrompida. “Seremos avaliados pela eficácia de nossas ações e não pela nobreza de nossas intenções”, reconheceu Mourão.
Além disso, autoridades, políticos e empresários brasileiros cobraram do governo a retomada da economia pós-pandemia respeitando a questão ambiental. Muitas empresas de grande porte se posicionaram contra a polícia ambiental do governo de Jair Bolsonaro, que desde o início de sua gestão vem usando o discurso fácil e tosco para ignorar a necessidade de se proteger o meio ambiente.
O vice-presidente afirmou que o Executivo não nega nem esconde informações sobre a gravidade da situação, mas que não aceita o que chamou de narrativas simplistas e enviesadas sobre o assunto.
“Como se não bastasse o prejuízo natural brasileiro, os crimes ambientais deixam o nosso país vulnerável a campanhas difamatórias, abrindo caminho para que interesses protecionistas levantem barreiras comerciais injustificáveis às exportações do agronegócio”, declarou Mourão.
“Vamos procurar diminuir aos mínimos aceitáveis o desmatamento e as queimadas e mostrar que a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico não são incompatíveis”, concluiu o vice.
O governo brasileiro tenta melhorar sua imagem no exterior em relação à proteção da Amazônia e dos povos indígenas, diante de críticas e alertas que tem recebido de investidores.
O desmatamento na Amazônia brasileira aumentou pelo 14º mês consecutivo em junho e foi o maior registrado para o mês nos últimos cinco anos, segundo dados do Inpe. A destruição da floresta aumentou 10,6% em relação a junho de 2019, atingindo 1.034 km². Em relação a junho de 2018, a alta foi de 112%, e a junho de 2017, de 70%.
Quando considerados os seis primeiros meses de 2020, o desmatamento aumentou 25% em relação ao mesmo período do ano passado, para 3.069 km².
A decisão do governo de eventualmente manter tropas militares na Amazônia até 2022 é no mínimo descabida, pois com menos da metade dos recursos que serão dispendidos com a operação é possível contratar e manter milhares de fiscais ambientais, que sabem como combater o desmatamento na maior floresta tropical do planeta. (Com agências de notícias)
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