IBGE revela que 716 mil fecharam as portas e confirma tragédia na política econômica do governo

 
Desde a campanha presidencial de 2018, o ministro Paulo Guedes, à época apenas postulante ao cargo, vem se apresentando como a derradeira solução para os graves problemas do País, sem até o momento ter feito algo para amainar o calvário enfrentado pelos brasileiros. Não é de hoje que o UCHO.INFO afirma que Guedes é um teórico conhecido que empaca no campo da prática.

Também temos afirmado que Paulo Guedes abusou da retórica ao afirmar que antes da pandemia do novo coronavírus a economia nacional estava em “pleno voo”. Se tal afirmação fosse verdadeira, um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não teria identificado que 716,4 mil empresas brasileiras encerraram suas atividades em caráter definitivo no rastro da Covid-19.

De acordo com o IBGE, na primeira quinzena de junho havia aproximadamente 4 milhões de empresas ativas no País. Destas, 2,7 milhões (67,4%) estavam em funcionamento total ou parcial, enquanto 610,3 mil (15,0%) estavam fechadas temporariamente. As que fecharam representam 17,6% do total de empresas que estavam em atividade na ocasião.

“Esse impacto no encerramento de companhias foi disseminado em todos os setores da economia, chegando a 40,9% entre as empresas do comércio, 39,4% dos serviços, 37,0% da construção e 35,1% da indústria”, destacou o IBGE.

Os dados fazem parte da primeira divulgação da “Pesquisa Pulso-Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas”, realizada pelo IBGE para avaliar os impactos da pandemia no universo empresarial brasileiro.

É preciso reconhecer que a pandemia da Covid-19 é a maior tragédia sanitária global em cem anos, mas estivesse a economia em “pleno voo”, como disse Paulo Guedes, muitas empresas teriam resistido à queda da atividade econômica e mantido as portas abertas.

 
“Muitas empresas relataram que já vinham em dificuldades desde 2019”, explicou o coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas, Flávio Mangheli.

Desolador, esse cenário mostra a inépcia do governo de Jair Bolsonaro diante da necessidade de adoção de medidas emergenciais para manter a economia rodando, o que significa preservar empregos e garantir a arrecadação de impostos. Assim como o ministro da Economia, o governo abusa da fanfarronice discursiva, enquanto os feios ficam muito aquém do que é anunciado.

Das empresas que fecharam em caráter definitivo, 715,1 mil (99,8%) eram de pequeno porte (com até 49 funcionários) e cerca de 1,2 mil de porte intermediário (entre 50 e 499 funcionários). Nenhuma grande empresa (com mais de 500 funcionários) encerrou as atividades. Ou seja, as pequenas empresas foram as mais impactadas.

Entre os setores, o de serviços foi o que registrou o maior número de empresas encerradas definitivamente – 334,3 mil. Em seguida, aparece o comércio, com 261,6 mil; a construção, com 68,7 mil; e a indústria, com 51,7 mil.

Grandes e sólidas economias ao redor do planeta enfrentarão dificuldades para retomar o ritmo anterior, mas os governantes tomaram medidas emergenciais para impedir uma débâcle quase generalizada, como pode acontecer no Brasil, onde pequenas e médias empresas representam a principal engrenagem do sistema econômico.

Considerando que durante a corrida ao Palácio do Planalto, em 2018, Jair Bolsonaro disse, ao final de um dos debates entre candidatos, que era o único capaz de resolver os muitos problemas do País, a apatia do governo é uma ode à vergonha. Enfim, como disse o filósofo francês Joseph-Marie de Maistre, “cada nação tem o governo que merece”.

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