Para Bolsonaro isolamento é “neurose”, mas em uma semana Planalto registrou 20 novos casos de Covid-19

 
A Covid-19 é responsável pela mais grave pandemia dos últimos cem anos em todo o planeta, mas o presidente Jair Bolsonaro, que classificou a doença como “gripezinha” e “resfriadinho”, disse na quinta-feira (16), durante transmissão ao vivo na internet, que o isolamento social é uma “neurose”.

Que Bolsonaro é um ignaro confesso e sem competência para cargo tão relevante todos sabem, mas recorrer ao deboche para referir-se a uma doença que já deixou quase 77 mil mortos (dados de quinta-feira) é o que sempre chamamos de irresponsabilidade genocida.

Enquanto o presidente da República brinca de super-herói tupiniquim, no Palácio do Planalto 36 servidores estão afastados das funções em razão da Covid-19. Os mais recentes dados da Secretaria-Geral da Presidência, de 10 de julho, indicam a identificação 128 casos na sede do governo, onde trabalham 3.400 pessoas. No balanço anterior, com informações do dia 3 de julho, eram 108 infectados. Isso mostra que no período de uma semana 20 novos casos foram confirmados, ou seja, 3 a cada dia.

O primeiro caso de Covid-19 entre os servidores palacianos foi registrado em 12 de março, quando o chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, testou positivo para o coronavírus após retornar de viagem oficial aos Estados Unidos, na companhia de Bolsonaro. Até o dia 20 de maio, o total de contaminados na sede do governo era de 35, conforme informações obtidas pelo jornal “O Estado de S. Paulo” por meio de Lei de Acesso à Informação.

Com base nessa informação é possível concluir que no espaço de 50 dias o Palácio do Planalto registrou 93 novas contaminações, que em números proporcionais significa aumento de 72% nas infecções.

 
O presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com a doença em 7 de julho e por determinação médica adotou um isolamento não tão radical e está despachando do Palácio da Alvorada. Oito dias depois, em 15 de julho, Bolsonaro confirmou que um novo teste para Covid-19 apresentou novamente resultado positivo. “Então a gente espera que nos próximos dias faça um novo exame e, se Deus quiser, dê tudo certo para a gente voltar logo à atividade”, afirmou.

É importante ressaltar que após o primeiro resultado positivo para a Covid-19 de Bolsonaro, a cúpula do governo, de forma irresponsável, decidiu não recomendar isolamento às pessoas que mantiveram “simples contato” com o chefe do Executivo. Em outras palavras, o negacionismo de Bolsonaro contaminou seus principais assessores, já que a recomendação médica em casos como esse é de quarentena rígida, como forma de evitar a propagação exponencial da doença.

“A orientação que damos aos servidores é procurar assistência médica quando apresentarem sintomas relacionados à covid-19, para avaliar necessidade de testagem. Nos casos considerados suspeitos, os servidores são orientados a ficar em casa até o resultado do exame”, informou o Palácio do Planalto após o presidente testar positivo.

Definir o governo de Jair Bolsonaro – na verdade é um desgoverno – é algo tão surreal que às vezes torna-se difícil chegar a uma conclusão. Mesmo assim, há uma expressão muito utilizada pelo UCHO.INFO em seus primórdios que cai como luva de pelica sobre essa chanchada totalitarista: “Se cobrir vira circo, se cercar vira hospício”.

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