Mais dois ministros do governo do negacionista Jair Bolsonaro testam positivo para Covid-19

 
Apesar do negacionismo tosco e irresponsável do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia do novo coronavírus, a Covid-19 continua fazendo estragos no âmbito de um governo que até o momento não mostrou a que veio.

Enquanto cumpre isolamento no Palácio da Alvorada, após dois testes positivos para a Covid-19, Bolsonaro seus principais assessores “tombarem” causa da doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2. Nesta segunda-feira (20), mais dois ministros anunciaram que contraíram Covid-19: Onyx Lorenzoni, da Cidadania, e o recém-chegado Milton Ribeiro, da Educação.

Pelo Twitter, Lorenzoni afirmou ter realizado um teste para o novo coronavírus na última sexta-feira (17) após “começar a sentir sintomas que poderiam ser da covid-19” na noite anterior. “Passei por exames, entre eles o PCR, e o resultado saiu hoje e a covid-19 foi detectada. Desde 6ª [sexta-feira] estou seguindo o protocolo de azitromicina, ivermectina e cloroquina e já sinto os efeitos positivos”, escreveu o ministro, citando medicamentos que ainda não tiveram a eficácia cientificamente comprovada contra a Covid-19.

Em postagem, o ministro da Cidadania ressaltou que está “bem melhor”, em isolamento e segue trabalhando de casa.

Em seguida, o novo titular da Educação, Milton Ribeiro, que tomou posse há apenas quatro dias, também anunciou pelo Twitter que está com Covid-19. “Acabo de receber agora pela manhã resultado positivo para COVID. Já estou medicado e despacharei remotamente”, escreveu na rede social.

A cerimônia de posse do novo ministro na quinta-feira passada foi discreta. O presidente Jair Bolsonaro participou por videoconferência. Mas o chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, compareceu presencialmente.

Além de Onyx Lorenzoni, já foram detectados com Covid-19 os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). Em março, após visita aos Estados Unidos, 18 membros da comitiva do presidente testaram positivo para a doença. Fábio Wajngarten, atual secretário-executivo do Ministério das Comunicações, foi o primeiro membro do governo a testar positivo, ainda em março, quando ocupava a chefia da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do Governo Federal.

 
Há duas semanas, Bolsonaro também declarou que havia sido infectado pelo Sars-CoV-2 e que estava fazendo uso de hidroxicloroquina como tratamento primário. O uso desse fármaco é perigoso em razão dos graves efeitos colaterais, o que requer acompanhamento médico-hospitalar constante. Bolsonaro só defende o medicamento porque tem à disposição, em tempo integral, o médico da Presidência da República, que é cardiologista, e realiza dois eletrocardiogramas por dia.

Assim como Bolsonaro, Onyx se notabilizou por minimizar a pandemia desde o início da crise. Ele conspirou pela derrubada de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, e chegou a afirmar em conversa vazada acidentalmente em abril que o coronavírus não mataria mais do que 4 mil pessoas no Brasil (o número de óbitos está próximo de 80 mil). Ele também defende a cloroquina como forma de tratamento da doença, mesmo sem estudos científicos que respaldem a informação.

Desde o início da pandemia, tanto Bolsonaro quanto Onyx também têm ido a manifestações a favor do governo e a eventos públicos sem usar máscara. No domingo, Bolsonaro recebeu alguns apoiantes nos jardins do Palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília.

Separado por um espelho de água dos apoiantes, o presidente percorreu o gramado onde estavam seus seguidores, muitos deles sem máscara e sem respeitar a distância determinada pelas autoridades, e exibiu uma caixa de cloroquina como se fosse uma relíquia sagrada. Bolsonaro tirou a caixa do medicamento do bolso e mostrou às pessoas, que aplaudiram e gritaram “cloroquina, cloroquina!”.

Enquanto o presidente e os ministros insistem em defender o uso de cloroquina e da hidroxicloroquina, a Sociedade Brasileira de Infectologia anunciou, na sexta-feira, ser contra o uso dos dois medicamentos no tratamento da Covid-19, afirmando ser “urgente e necessário” que as duas drogas sejam abandonadas.

Em 29 de junho, o Ministério da Saúde enviou ofício à Fiocruz e a outras instituições federais solicitando ampla divulgação do tratamento da Covid-19 com cloroquina e hidroxicloroquina nos primeiros dias dos sintomas. A orientação foi enviada quando estudos já haviam concluído que a cloroquina não é eficaz no combate à doença.

De acordo com o Ministério da Saúde, no domingo o Brasil somava oficialmente 2.098.389 casos de Covid-19 e 79.488 mortes em decorrência da doença. No entanto, especialistas afirmam que o número pode ser muito maior, devido à subnotificação.

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