Operação da PF que prendeu fundador da Qualicorp mostra que é preciso mudar a forma de se fazer política

 
Como sempre afirma o UCHO.INFO, política no Brasil é, infelizmente, uma atividade que na extensa maioria das vezes requer e envolve muito dinheiro. Para piorar, o dinheiro envolvido nesse cenário quase sempre tem origem ilícita ou não comprovada.

A Operação Paralelo 23, da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo, cumpriram 4 mandados de prisão temporária e 15 de busca e apreensão em diversos endereços da capital paulista, no âmbito da investigação que tem na ementa o senador José Serra (PSDB), acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral nas campanhas eleitorais de 2006, 2007 e 2014.

A ação da PF deflagrada nesta terça-feira (21) mirou o fundador e ex-presidente da Qualicorp, José Seripieri Filho (à direita na foto), preso preventivamente porque, segundo os investigadores, “foi constatada a existência de fundados indícios do recebimento por parlamentar de doações eleitorais não contabilizadas, repassadas por meio de operações financeiras e societárias simuladas, visando assim a ocultar a origem ilícita dos valores recebidos, cujo montante correspondeu à quantia de R$ 5 milhões”.

A Justiça expediu mandado de prisão temporária em desfavor de três outros investigados, Arthur Azevedo Filho, Mino Mattos Mazzamati e Rosa Maria Garcia.

Seripieri foi alçado à mira da Paralelo 23 porque um ex-diretor da Qualicorp, Elon Gomes de Almeida, admitiu em depoimento de delação premiada o pagamento de R$ 5 milhões, por meio de caixa 2, à campanha do tucano.

 
A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu artigo 5º, inciso LVII, que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, assim como todo investigado ou réu tem direito à ampla defesa e ao devido processo legal. Portanto, todos os alvos da Operação Paralelo 23 continuam ancorados na baía da “presunção de inocência”, até que a Justiça se pronuncie em caráter definitivo no escopo de eventual ação penal, apesar de a opinião pública condenar antecipada e irresponsavelmente.

Não é de hoje que o UCHO.INFO defende que os brasileiros se interessem cada vez mais pelas questões políticas, o que precisa acontecer diariamente, não apenas às vésperas das eleições. Além disso, é preciso que a sociedade, uma vez inteirada dos assuntos políticos, mas longe de devaneios interpretativos e maledicências de ocasião, cobre uma mudança na forma de fazer política.

Enquanto o Congresso Nacional não colocar em marcha uma proposta de reforma política profunda, o País terá de conviver aos sobressaltos com ações policiais no encalco de corruptos e corruptores.

Além disso, não apenas os atuais investigados deveriam estar sob a lupa da Justiça em razão de transgressões que são comuns no Brasil, mas todos os que participaram de algum processo eletivo nos últimos anos.

O calcanhar de Aquiles desse cenário está na complacência burra da Justiça Eleitoral, que a cada dois anos aprova contabilidades de campanha que não condizem com os gastos dos candidatos. Afinal, quem conhece os bastidores da polícia nacional sabe que ninguém se elege a um mandato eletivo à sombra de tostões.

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