Itamaraty admite ter auxiliado o apasquinado Abraham Weintraub em sua desabalada “fuga” para os EUA

 
Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República na esteira de um discurso tosco e mentiroso acerca da moralidade e da ética na política, algo a que ele próprio jamais se dedicou ao longo de sua carreira parlamentar, pois empregou funcionários fantasmas em seu gabinete, silenciou diante de prática idêntica adotada pelos filhos e apequenou-se à sombra do envolvimento do Partido Progressista no escândalo de corrupção que devorou os cofres da Petrobras.

No comando do Executivo federal, logo nos primeiros dias do governo, Bolsonaro adotou o discurso de combate à “velha política”, mas o tempo mostrou que o presidente é “mais do mesmo”. E a toada irresponsável não parou por aí.

Um dos mais recentes descaminhos de um governo que até agora não mostrou a que veio envolveu o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, que partiu em desabalada carreira rumo aos Estados Unidos com a ajuda espúria dos Itamaraty.

O Ministério das Relações Exteriores confirmou que intercedeu junto à embaixada norte-americana para a obtenção do visto de entrada para o apasquinado Weintraub. O visto foi solicitado no passaporte diplomático do ex-ministro, indicado para ocupar cargo de diretor no Banco Mundial.

Em resposta a dois pedidos via Lei de Acesso à Informação, o Itamaraty respondeu que em 18 de junho Weintraub comunicou ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que assumiria cargo no Banco Mundial e recorria aos “bons ofícios” do Itamaraty para a obtenção do visto. NA solicitação, Abraham Weintraub destacou que pretendia viajar com a “brevidade possível”.

“Na ocasião, o senhor Weintraub apresentou carta, datada de 17 de junho de 2020, pela qual o Ministério da Economia informava o Banco Mundial sobre a indicação, e solicitou os bons ofícios do Ministério das Relações Exteriores para requerer visto de entrada nos Estados Unidos”, destaca trecho da resposta do Itamaraty.

 
O Itamaraty enfatiza no documento ser procedimento “habitual” interceder em casos de representantes do governo brasileiro designados para atuar em instituições internacionais.

Na verdade, Weintraub não precisava deixar o País com a “brevidade possível”, não fosse uma eventual decretação de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em razão dos ataques covardes que fez aos integrantes da Corte durante a fatídica reunião ministerial de 22 de abril. Em suma, a diplomacia brasileira auxiliou o ex-ministro da Educação em seu plano de “fuga”.

A saída de Abraham Weintraub do ministério e a viagem aos EUA foram marcadas por controversas idas e vindas, pois o decreto de exoneração publicado no Diário Oficial da União (DOU) enfatizava que os efeitos da medida valeriam a partir de 20 de junho, quando o ex-ministro já estava em solo americano.

Na sequência, Bolsonaro determinou a publicação de novo decreto retificando a data da exoneração, que passou a ser 19 de junho. A Secretaria de Governo alegou na ocasião que a carta de demissão só chegou ao ministro Jorge Oliveira no sábado (20).

Se a exoneração passou a valer em 19 de junho, Weintraub não poderia ingressar nos EUA com passaporte diplomático, já que deixará de fazer parte do governo, mesmo o documento seja expedido pelo prazo do mandato presidencial.

O Itamaraty justificou em uma das respostas que não caberia reter o passaporte diplomático, decisão que mostra a complacência de Jair Bolsonaro com um ex-ministro desqualificado e sabujo que, como todo incompetente, faz da polêmica seu modo de vida.

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