Em meio à tensão diplomática que contrapõe Washington e Pequim, dois aviões militares norte-americanos foram avistados no domingo (26) a menos de 100 km de Xangai, o mais próximo registrado nos últimos anos.
Um avião de vigilância eletrônica e guerra antissubmarino P-8A e uma aeronave de reconhecimento EP-3E voaram sobre o estreito de Taiwan no domingo, próximo de Zhejiang e Fujian. Há doze dias seguidos aviões espiões dos EUA se aproximam da costa chinesa.
O voo do domingo ocorreu na véspera do fechamento do consulado americano em Chengdu, resposta do governo de Pequim à determinação da administração Trump para que representação diplomática chinesa em Houston (Texas) fosse fechada em 72 horas.
Sem apresentar provas, o governo dos EUA afirma que o consulado chinês era um centro de espionagem, que funcionava possivelmente com o objetivo de roubar dados sobre o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19. Pequim, por sua vez, classificou como absurda a alegação da Casa Branca.
De acordo com o centro Iniciativa de Investigação de Situação Estratégica do Mar do Sul da China, da Universidade de Pequim, o P-8A chegou a 76,5 km da costa chinesa, e o EP-3E, a 106 km.
As aeronaves voaram em coordenação com o destróier USS Rafael Peralta, que está no Mar do Sul da China. Essas aproximações alcançaram os mais elevados níveis da história recente, o que já é considerado preâmbulo de uma nova Guerra Fria.
Enquanto Donald Trump busca um novo factoide para jogar cortina de fumaça sobre os efeitos catastróficos da pandemia do novo coronavírus nos EUA e impulsionar sua candidatura à reeleição, Pequim tem interesse que o presidente americano fique mais uma temporada na Casa Branca. Isso porque a China lucra centenas de bilhões de dólares com a política externa norte-americana, já que Washington toma decisões estapafúrdias no tabuleiro internacional.
Uma dessas medidas foi a saída dos EUA da Parceria Transpacífico (Trans-Pacific Partnership, TPP), acordo de livre comércio firmado por países banhados pelo Oceano Pacífico. Sem a participação americana, Pequim encontrou caminho livre para abocanhar negócios bilionários no âmbito da TPP.
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