Comitê da Câmara dos EUA impõe vexame a Bolsonaro e pede que família fique “de fora” da eleição americana

 
O Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes Estados Unidos pediu, na noite de segunda-feira (27), que o presidente Jair Bolsonaro e sua família fiquem “de fora das eleições americanas”.

“Nós já vimos esse filme antes. É vergonhoso e inaceitável. A família Bolsonaro precisa ficar de fora da eleição dos Estados Unidos”, escreveu o presidente do Comitê, o senador democrata Eliot Engel, na conta oficial do órgão no Twitter.

A mensagem refere-se a uma publicação feita por Eduardo Bolsonaro no Twitter, na segunda-feira, com direito a vídeo acompanhado do slogan “Trump 2020”.

No vídeo de cerca de dois minutos é possível ver cenas dos ex-presidentes democratas Bill Clinton e Barack Obama e da candidata democrata derrotada nas últimas eleições, Hillary Clinton. Entre as imagens, é exibida a seguinte mensagem em inglês: “Primeiro eles te ignoram. Depois, riem de você. Depois te chamam de racista.”

Em seguida, entre cenas de Trump em comícios e eventos públicos, incluindo uma do encontro do presidente americano com Jair Bolsonaro, uma nova mensagem: “Donald J.Trump. Seu voto mostrou que eles todos estavam errados”. O vídeo finaliza com a mensagem “Trump, a grande vitória 2020”.

Como parlamentar, pífio, é importante ressaltar, Eduardo Bolsonaro deveria se debruçar sobre a Constituição Federal de 1988, que no artigo 4º, inciso IV, trata da “não-intervenção” em assuntos internos de outras nações. E a eleição nos Estados Unidos é assunto que compete apenas aos americanos, em que pese o interesse de todo planeta na disputa.

Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

IV – não-intervenção.”

 
Se o governo de Jair Bolsonaro reclama das cobranças de outros países em relação ao desmatamento na Amazônia, o que não fere a soberania nacional, o presidente da República e seus familiares não deveriam apoiar a reeleição de Trump. Aliás, Bolsonaro tem se mostrado um tremendo “pé frio”, como ficou comprovado nas eleições da Argentina e de Israel. Na terra do tango, o candidato Mauricio Macri, que tentava a reeleição e tinha o apoio de Bolsonaro, acabou derrotado. Em Israel, Benjamin Netanyahu, também apoiado pelo brasileiro, enfrentou sérias dificuldades para ser eleito presidente do Parlamento.

Donald Trump buscará a reeleição à Casa Branca em novembro, tendo como principal adversário o democrata Joe Biden, ex-vice presidente durante a gestão Obama e que aparece como favorito nas pesquisas de intenção de voto.

Embora não seja comum presidentes apoiarem candidatos de outros países, a fim de manter as boas relações diplomáticas independentemente de partidos, Bolsonaro não tem seguido a cartilha. Em transmissão ao vivo pela internet em meados de julho, o presidente brasileiro voltou a dizer que torce por Trump, mas que tentará manter uma boa relação com Biden, caso o democrata vença as eleições.

Em junho de 2019, em viagem ao Japão, Bolsonaro também comentou o apoio à reeleição de Trump. Na viagem, o presidente esteve acompanhado do filho Eduardo, que na ocasião disse que “Trump e Bolsonaro mais parecem velhos amigos que se gostam de graça, o que abre espaço para um diálogo franco e cordial.”

Eduardo Bolsonaro, o “fritador de hambúrguer” por pouco não assumiu a Embaixada do Brasil em Washington, em 2019. A resistência entre os senadores, a quem cabe aprovar a indicação de diplomatas, fez com que a ideia fosse abandonada pelo Palácio do Planalto. Além disso, a Casa Branca recuou no apoio ao filho de Bolsonaro.

Antes da posse do atual presidente da República, Eduardo foi aos Estados Unidos para se encontrar com lideranças republicanas e com Steve Bannon, ex-estrategista de Trump. Na ocasião, o parlamentar vestiu boné em apoio à reeleição do atual presidente americano.

Em março de 2019, Eduardo Bolsonaro acompanhou o pai na primeira viagem oficial a Washington. Meses depois, em agosto, voltou a viajar para os Estados Unidos. O objetivo, segundo ele, era agradecer o apoio da Casa Branca ao governo brasileiro, que vinha sendo criticado internacionalmente pelo aumento dos incêndios na Amazônia. (Com agências internacionais)

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