Quando disputava a Presidência da República, em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro disse, ao final de um dos debates entre presidenciáveis, que era o único capaz de resolver os problemas do País. Entre o fim da campanha e a vitória confirmada nas urnas, Bolsonaro passou a incensar Paulo Guedes, atual ministro da Economia, que na ocasião recebeu a alcunha de “Posto Ipiranga”, em alusão à campanha publicitária de rede de postos de combustíveis homônima.
Desde a posse, em 1º de janeiro de 2019, Bolsonaro tem investido tempo e dinheiro público em guerra ideológica, discursos populistas e bravatas oficiais, como se a massa pensante brasileira não conseguisse identificar o fiasco em que se transformou o governo.
Sem que Paulo Guedes tivesse adotado qualquer medida para minimizar a carestia enfrentada pela população, que há muito é devorada pela crise econômica, agora o País assiste a uma histórica fuga de capitais, o que certamente piorará o cenário nacional.
De acordo com o Banco Central (BC), investidores retiraram US$ 31,252 bilhões de aplicações financeiras no Brasil nos seis primeiros meses deste ano. O valor inclui ações, fundos de investimentos e títulos da renda fixa. Trata-se da maior fuga de capitais desde o início da série histórica, em 1995.
Essa retirada representa guinada de 180 graus em relação ao movimento registrado no mesmo período de 2019, quando US$ 9,087 bilhões ingressaram na economia brasileira.
A saída de recursos financeiros ocorreu em meio à pandemia do novo coronavírus, que em razão das políticas do governo para combater a Covid-19 tem gerado a migração de capital para países emergentes, com foco em títulos de países desenvolvidos, como os Estados Unidos.
“Essa saída se concentra fundamentalmente em março, com US$ 22,2 bilhões [de retirada], 2/3 do total [do semestre] em um mês único. Essa saída de março, especificamente, está muito relacionada às incertezas daquele momento mais agudo da crise, ou à véspera daquele momento”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
“A gente viu esse retorno em junho, mas não dá pra afirmar ainda que é permanente. Em julho [parcial até o dia 23], está meio zero a zero. Daí por diante, se as condições normalizarem, não só da economia brasileira, mas a mundial, a gente pode ver um cenário de recuperação ao menos gradual desses impactos”, acrescentou Rocha.
Quando o UCHO.INFO afirmou que as irresponsáveis medidas adotadas por Bolsonaro para combater a crise de Covid-19 causariam enormes prejuízos ao País, os apoiadores do presidente, sempre coléricos, nos dedicaram ofensas, como se o óbvio na economia não devesse ser levado em conta.
Nas muitas críticas que fizemos, sempre afirmamos que quando a economia colapsasse diante da pandemia os bolsonaristas teriam de enfrentar a dura realidade dos fatos. A verdade está à mostra para quem quiser conferir.
Ademais, é importante ressaltar que a recuperação da economia brasileira não acontecerá à sombra de um passe mágica, pelo contrário, mas Bolsonaro culpará aqueles que adotaram o isolamento como forma de preservar vidas.
Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.