Trump volta a defender o uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19

     
    Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump parece viver um momento pendular em termos de opinião a respeito da pandemia do novo coronavírus. Depois de manter-se agarrado ao negacionismo, o mandatário americano mudou o discurso e passou a defender o uso de máscara de proteção e reconheceu que o pior ainda está por vir na seara da Covid-19.

    Contudo, a aparente e inesperada mudança de postura de Trump em relação à doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2 durou pouco. Na terça-feira (28), o presidente dos EUA voltou a defender o uso da hidroxicloroquina como tratamento para a Covid-19, embora não haja comprovação científica de eficácia do fármaco.

    De acordo com Trump, a questão envolvendo a hidroxicloroquina tornou-se política. O inquilino da Casa Branca disse que o medicamento antimalárico só foi rejeitado como tratamento contra a Covid-19 porque havia sido defendido por ele. “Quando recomendo algo, eles gostam de dizer ‘não use’”, afirmou durante coletiva de imprensa.

    As declarações foram feitas após nova polêmica envolvendo o presidente americano e redes sociais. Trump e seu filho mais velho, Donald Trump Jr., estão entre as pessoas que compartilharam na noite de segunda-feira (27) um vídeo em que alguns médicos afirmam que o uso de máscaras durante a pandemia é desnecessário e que a hidroxicloroquina é a “cura” para a Covid-19. Trump Jr. chegou a ter a conta no Twitter suspensa por 12 horas após compartilhar as informações, que, de acordo com a rede social, violam as regras da plataforma.

    Twitter, Facebook e YouTube correram para retirar as várias versões do vídeo do ar, mas a gravação já havia sido acessada milhões de pessoas e compartilhado centenas de milhares de vezes.

    À BBC, o Facebook disse que removeu o vídeo “por compartilhar informações falsas sobre curas e tratamentos para a Covid-19”. Já Twitter e YouTube afirmaram, também à emissora britânica, que o conteúdo do vídeo viola as políticas da empresa sobre desinformação em relação à Covid-19.

    Trump segue defendendo a hidroxicloroquina mesmo após vários estudos mostrarem a ineficácia do medicamento para tratar a cCovid-19. Em meados de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) interrompeu os experimentos com hidroxicloroquina no tratamento da doença, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados.

    Na mesma época, a Food and Drug Administration (FDA), agência do governo dos EUA que regulamenta alimentos e medicamentos no país, revogou a autorização para o uso emergencial da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Com base em novas evidências, a FDA afirmou não ser mais “razoável” acreditar que os medicamentos podem ser eficazes contra a doença causada pelo novo coronavírus.

     
    Também durante a entrevista coletiva de terça-feira, Trump mostrou descontentamento com a popularidade do imunologista Anthony Fauci, membro da força-tarefa da Casa Branca contra o coronavírus e crítico da hidroxicloroquina, e de outros cientistas. “Eles são altamente respeitados, mas ninguém me ama, deve ser minha personalidade”, declarou Trump.

    Na segunda-feira, Trump retuitou uma teoria da conspiração que acusa Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, de ajudar a impulsionar o vírus para impedir a reeleição do presidente. Diante dos ataques, o especialista manteve a calma.

    “Eu não enganei os americanos sob nenhuma circunstância”, disse em entrevista à rede ABC. “Estamos no meio de uma crise, uma pandemia. Foi para isso que fui treinado ao longo da minha vida profissional.”

    Trump versus redes sociais

    O presidente americano acusa as empresas de tecnologia do Vale do Silício de serem tendenciosas contra políticos conservadores. Em meados de junho, o Facebook removeu anúncio da campanha eleitoral de Trump que continha símbolo utilizado pela Alemanha nazista para designar prisioneiros políticos, incluindo comunistas, nos campos de concentração. Até então, a rede social vinha sendo criticada por não interferir em conteúdos políticos postados em sua plataforma.

    No final de maio, o Twitter ocultou uma postagem do presidente por “apologia à violência” e alertou para conteúdo falso em outra postagem de Trump.

    Antes de retomar a defesa da hidroxicloroquina, na terça-feira, Donald Trump vinha adotando postura mais moderada em relação à pandemia, reconhecendo a gravidade da situação. Na última quinta-feira (23), o presidente americano anunciou o cancelamento da Convenção Nacional Republicana, programada para 25 a 27 de agosto em Jacksonville, na Flórida.

    “Este não é o momento certo para ter uma grande convenção”, declarou. Dias antes, ele havia incentivando o uso de máscaras, ato que chamou de “patriótico”.

    País mais afetado pela Covid-19, os Estados Unidos já registram mais de 4,3 milhões de casos confirmados da doença e mais de 149 mil mortes, de acordo com dados da universidade Johns Hopkins. A situação é particularmente preocupante na Califórnia, Flórida e Texas, onde as autoridades foram forçadas a novamente impor restrições. (Com agências internacionais)

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