Em 22 de março passado, o presidente Jair Bolsonaro, sempre impulsionado por sua irresponsabilidade genocida, disse que a Covid-19 deixaria no máximo 800 vítimas fatais. O chefe do Executivo se baseou nas 796 mortes provocadas, em 2019, pela gripe H1N1.
Quase cinco meses depois dessa insana profecia, o País ultrapassou a marca de 100 mil mortes no último final de semana, em clara demonstração de que o atual governo, ao politizar o combate à pandemia do novo coronavírus, promoveu um genocídio, com o apoio de parte da porção abastada da sociedade.
Diante da consumação da tragédia e de olho na reeleição, Bolsonaro começa a mudar o comportamento diante da Covid-19, mesmo que de forma terceirizada, como forma de não desapontar os insanos e radicais apoiadores.
Oportunista, essa mudança de postura do governo veio à lume na esteira de declaração do ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, que, contrariando o discurso oficial do presidente da República, defendeu o isolamento social e o tratamento na fase inicial da doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2. A declaração foi dada nesta segunda-feira (10), durante inauguração de unidade de processamento de testes da Covid-19 na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
“Medidas preventivas e afastamento social são medidas de gestão dos municípios e estados, e nós apoiamos todas elas, porque quem sabe o que é necessário naquele momento precisa de apoio, e nós apoiamos”, disse Pazuello.
Até recentemente, o presidente da República não apenas criticava as medidas adotadas por governadores e prefeitos, mas acionava sua verborragia na direção dos gestores estaduais e municipais, como se os dados da ciência não devessem ser considerados.
O ministro da Saúde emendou sua fala com a seguinte afirmação: “Mas fica a lembrança de que, independentemente da medida que se tome, tem que estar aliada à capacidade de triar e procurar se as pessoas estão ou não com sintomas, o tempo todo”. Ou seja, Pazuello parece ter se convencido de que a testagem em massa é mais do que necessária.
Pazuello comparou a avalanche de mortes pela Covid-19 a um sangramento, que precisa urgentemente ser estancado. O País “precisa entender como parar o sangramento”, declarou o titular da Saúde.
Em um lampejo de bom-mocismo, Eduardo Pazuello foi além e pela primeira vez, desde o último sábado (8), mencionou o número de mortos pela Covid-19. “Não é um número. Todos os dias sofremos as perdas. Não é um número — 95 mil, 98 mil, 100, ou 101 — que vai fazer a diferença. O que vai fazer a diferença é cada um brasileiro que se perde”.
“Já perdemos 100 mil brasileiros com nome, identidade e família. E podem acreditar, nós estamos todos os dias revendo nossos protocolos, procurando o que tem de melhor e alterando aquilo que não vinha dando certo”, reforçou o ministro interino”, completou o ministro.
Que ninguém caia nessa armadilha do governo Bolsonaro, pois o pensamento do presidente da República acerca da doença é o mesmo, ou seja, continua considerando a Covid-19 uma “gripezinha” ou um “resfriadinho”.
Essa repentina e inesperada mudança de postura é fruto de interesses político-eleitorais escusos, pois Jair Bolsonaro sabe que a conta da sua irresponsabilidade acabará interferindo nas suas intenções de conquistar um novo mandato. Em suma, Bolsonaro continua sendo o principal responsável pelo devastador avanço da Covid-19 no País.
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