Há muito vivendo uma crise econômica preocupante, que disseminou miséria e dificuldades em boa parte do país, o Líbano agora entra em um redemoinho político que pode agravar o cenário local, mas pode representar um fio de esperança em relação ao futuro.
No rastro da megaexplosão que destruiu o porto de Beirute e devastou boa parte da capital libanesa, o primeiro-ministro do Líbano, Hassam Diab, anunciou há instantes sua renúncia, abrindo caminho para mais uma queda de braços entre as muitas correntes político-religiosas que atuam no poder. A renúncia de Diab acontece após quatro ministros do governo libanês deixarem os cargos: Manal Abdel Samad (Informação), Damianos Kattar (Meio Ambiente), Ghazi Wazni (Finanças) e Marie-Claude Najm (Justiça). Também renunciaram aos mandatos parlamentares nove deputados libaneses.
A renúncia de sete ministros representaria a dissolução do governo libanês, mas Hassan Diab, pressionado pelos protestos que tomaram as ruas do país mediterrâneo na esteira da explosão que deixou 160 mortos, 6 mil feridos e 300 mil desabrigados, decidiu antecipar os fatos e tentar amainar a crise política local.
Diab chegou ao comando do governo libanês em janeiro passado, com o apoio de aliados e do poderoso e sempre beligerante Hezbollah, mas no último sábado (8), anunciou a convocação de novas eleições como forma de acalmar a opinião pública. Sua estratégia não funcionou e a renúncia foi a saída que lhe restou.
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Ocorrida na última terça-feira (4), a explosão ocorrida em um armazém portuário que abrigava 2.750 toneladas de nitrato de amônio colocou uma enorme lupa sobre a tragédia que corrói o Líbano há anos.
A renúncia de Diab e a formação de um novo governo não apontam para uma solução definitiva da crise política que se instalou no país desde o fim da Guerra Civil do Líbano (1975-1990), mas teve alguns curtos períodos de suposta estabilidade.
O cenário político do país piorou sobremaneira com a morte do então primeiro-ministro Rafik Hariri, morto em 2005 em atentado a bomba que deixou dezenas de mortos e feridos. O atentado, levado a cabo com a explosão de um carro-bomba, foi creditado ao governo da Síria, especificamente a Ghazi Kanaan, ex-chefe do serviço secreto sírio no Líbano durante a ocupação do país.
Por razões óbvias, o governo de Damasco negou participação no atentado que matou Hariri, mas um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou o envolvimento de autoridades sírias no crime. Coincidência ou não, Kanaan suicidou-se dias antes de o mencionado relatório vir a público.
Como mencionado acima, a formação de um novo governo não é garantia de solução para a crise libanesa. É necessário um conjunto de reformas políticas no país, a exemplo do que cobrou o presidente da França, Emmanuel Macron, que visitou Beirute horas após a explosão no porto da capital libanesa.
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