Impasse sobre veto ao reajuste dos servidores expõe o amadorismo de um governo autoritário e populista

 
Quando o UCHO.INFO afirmou em diversas ocasiões que o presidente Jair Bolsonaro é incompetente e desprovido de estofo para cargo de tamanha relevância e responsabilidade, não o fizemos por implicância ideológica, até porque nosso jornalismo é baseado na verdade dos fatos. Criticamos por conhecer as limitações de um líder populista que se apresentou ao eleitorado como a derradeira solução para todos os problemas nacionais.

De igual modo, afirmamos por diversas vezes que a capacidade de articulação política do presidente da República é pífia e que isso comprometeria sobremaneira a governança. O fato de Bolsonaro ter “comprado” o apoio do Centrão não significa que o Palácio do Planalto está dispensado de atuar no Congresso para garantir a aprovação de matérias do interesse do governo. O problema torna-se ainda maior na esteira de fato relevante: o responsável pela articulação política do governo é um neófito no assunto, que está a lidar com “raposas”.

Política não se faz com ataques aos adversários ideológicos e afagos pontuais e espúrios aos proxenetas do Parlamento. Política é um jogo bruto e complexo, em cujo tabuleiro só se arriscam os que conhecem a matéria. Além disso, a política é uma arte que se equilibra sobre os pilares das discordâncias e exige paciência e determinação.

Esse introito serve para mostrar o tamanho da derrota parcial do governo em relação ao veto ao reajuste salarial dos servidores públicos, assim como o trabalho de sobressalto que os palacianos terão para convencer deputados federais sobre a importância de se manter a medida.

 
A manutenção veto ao reajuste dos servidores fez parte do acordo que garantiu o repasse emergencial de R$ 60 bilhões para estados e municípios no âmbito do combate à pandemia do novo coronavírus. É preciso reconhecer que o Congresso já viveu dias melhores, quando a palavra de líderes parlamentares era honrada a qualquer preço. E nesse caso o governo tem razão de reclamar, pois é inaceitável que uma categoria laboral que tem inúmeros privilégios, a começar pela estabilidade, consiga o que os trabalhadores da iniciativa privada estão dispensando para manter os respectivos empregos.

A questão envolvendo a derrubada do veto presidencial está centrada no fato de Jair Bolsonaro e seus assessores atacarem o Congresso e acreditarem que o simples aceno de eventual bandeira branca é suficiente para selar a paz. O governo não inspira confiança e o s ocupantes do Palácio do Planalto precisam se acostumar a esses sobressaltos ou devem mudar imediatamente a forma de se relacionar com o Parlamento.

Considerando que o presidente da República incentivou o escambo com o Congresso, em especial com o Centrão, como forma de conseguir blindagem contra possível processo de impeachment, agora os deputados federais querem atrelar a manutenção do veto à prorrogação do auxílio emergencial até o final de 2020. Em suma, o governo Bolsonaro preocupa não apenas pelo grau de militarização, mas principalmente pelo amadorismo de seus principais integrantes.

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